Nesta segunda-feira (16), representantes dos principais bancos de desenvolvimento dos países do BRICS, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se reuniram em conferência virtual para debater o financiamento do combate à COVID-19 e a recuperação econômica dos países do bloco.
Juntos, os países do BRICS representam 30% do território mundial, 43% de sua população, 18,5% do comércio mundial de commodities e 10% do comércio no setor de serviços.
De acordo com o presidente do instituto de desenvolvimento nacional russo VEB.RF, Igor Shuvalov, os países do BRICS demonstraram relativa resiliência econômica durante a pandemia.
"O declínio geral do PIB dos países do BRICS não deve ser superior a 2%. Já o declínio nos países desenvolvidos ficará entre 5% e 6%", declarou Shuvalov.
Enquanto o PIB de África do Sul e da Índia deve sofrer quedas de 8% a 9%, o PIB de Rússia e Brasil deve retrair a ritmo menos acelerado: 4% e 5%, respectivamente, disse o presidente do VEB.RF.
Segundo ele, a China será o único país do mundo a apresentar crescimento econômico em 2020, com crescimento do PIB estimado em 2%.
De acordo com pesquisa do instituto VEB.RF divulgada durante o evento, as economias dos países do BRICS devem ser a locomotiva da economia mundial em 2021, com crescimento estimado entre 6% e 7%.
Em função da pandemia, o crescimento no número de empréstimos anticrise disponibilizados por bancos de desenvolvimento cresceu uns impressionantes 164%, revelou a pesquisa. Deste montante, cerca de 11% foi disponibilizado pelo BNDES.
Banco do BRICS
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, e o presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Marcos Troyjo, seu conterrâneo, participaram do evento.
O Novo Banco de Desenvolvimento, também conhecido como Banco do BRICS, é considerado uma das iniciativas mais bem-sucedidas do grupo de países.
Com capital inicial de cerca de US$ 50 bilhões e capital autorizado de US$ 100 bilhões, o banco procura ser uma alternativa a instituições como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional, financiando projetos a condições mais vantajosas para países em desenvolvimento.
De acordo com Troyjo, eleito para o cargo em maio deste ano, o Banco do BRICS considera engrossar suas fileiras, incorporando novos países-membros.
"Estamos prontos para considerar a expansão do número de Estados-membros, de maneira responsável", disse o presidente do banco.
A expansão seria uma prioridade do NBD, que quer se firmar como principal banco multilateral de financiamento para países em desenvolvimento.
Segundo ele, neste ano de pandemia o NBD disponibiliza créditos de US$ 10 bilhões para os países, distribuídos em duas fases.
"Na primeira fase, disponibilizamos US$ 5 bilhões para o financiamento [de projetos] nas áreas de saúde e assistência social. Na segunda, mais US$ 5 bilhões para recuperação econômica", disse Troyjo.
No Brasil, o foco do NBD tem sido em projetos de auxílio a pessoas desempregadas, trabalhadores informais e autônomos.
O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, reconheceu o papel significativo da cooperação entre os países do BRICS nesse ano de pandemia.
"Canalizamos mais de US$ 24 bilhões para empresas públicas e instituições municipais no Brasil, dando prioridade para pequenas, médias e microempresas", disse Montezano. "Apoiamos mais de 260 mil empresas que geram direta ou indiretamente mais de 8 milhões de empregos."
Segundo ele, em 2020 o BNDES teria garantido a instalação de mais de "3.000 leitos hospitalares e cerca de 4 milhões de exames COVID-19", além de garantido o fornecimento de equipamentos médicos para agentes de saúde.
Os presidentes dos bancos nacionais de desenvolvimento de África do Sul, Índia e China também participaram do evento.
Ao final dos debates, os participantes acordaram com os Princípios de Financiamento Responsável do BRICS, que inclui temas como financiamento verde e financiamento sustentável na agenda do bloco.
Criado em 2014, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) está sediado em Xangai, na China. Em julho de 2020, o Senado Federal aprovou a inauguração da primeira representação do NBD no Brasil. Localizada em São Paulo, a sede do banco está sob a coordenação da economista Cláudia Prates.