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Não há vitória comercial de Bolsonaro em cota adicional de açúcar do Brasil aos EUA, relata analista

© ©Alf Ribeiro/FolhapressVista aérea de drone de uma plantação de cana-de-açúcar no município de Pederneiras, região centro-oeste do estado de São Paulo
Vista aérea de drone de uma plantação de cana-de-açúcar no município de Pederneiras, região centro-oeste do estado de São Paulo - Sputnik Brasil
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O presidente Jair Bolsonaro anunciou, nesta segunda-feira (21), que o Brasil vai receber uma cota adicional para exportar, com imposto reduzido, 80 mil toneladas de açúcar para os Estados Unidos.

O anúncio foi feito por Bolsonaro através de um post no Twitter.

"A quota para o açúcar brasileiro nos EUA passa de 230 para 310 mil toneladas e, por lei, beneficiará exclusivamente os produtores do Nordeste", escreveu o presidente em uma das postagens.

​No entanto, em entrevista à Sputnik Brasil, Paulo Velasco, diretor do Curso de Relações Internacionais da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), explicou que o anúncio feito por Bolsonaro é um "procedimento normal" e que não representa "uma vitória diplomática" para facilitar o acesso do açúcar brasileiro ao mercado dos EUA.

"O presidente Bolsonaro tenta apresentar essa concessão feita pelos EUA como uma grande vitória em termos de negociações comerciais, mas não é verdade. É muito mais uma tentativa do presidente de mostrar dividendos concretos e resultados práticos de uma relação muito convergente com os EUA, especificamente na dimensão comercial, mas não foge ao que víamos em anos anteriores", disse Velasco.

Segundo Velasco, em outros anos inclusive a cota adicional de açúcar brasileiro liberada pelos EUA foi superior a anunciada pelo presidente.

"É muito comum, praticamente todos os anos vemos esse fenômeno. Essa cota adicional de 83 mil toneladas de açúcar não foge em nada ao que já vimos. Aliás, houve anos em que essa cota adicional foi inclusive bem superior a 80 mil toneladas", comentou.

​O Brasil tem uma cota fixa de 152,6 mil toneladas já isenta de impostos. Há duas semanas, o governo brasileiro aprovou uma cota de isenção tarifária para a importação de 187,5 milhões de litros de etanol dos Estados Unidos.

Para Paulo Velasco, "não há um equilíbrio nas concessões".

"O governo brasileiro tenta mostrar a ideia de uma relação comercial equilibrada. [...] As concessões dadas pelo Brasil aos exportadores norte-americanos de etanol têm um alcance muito mais amplo, tem um efeito muito maior em termos de valores. Na verdade, não há um equilíbrio nas concessões, o Brasil é muito mais generoso na sua oferta do que os Estados Unidos são ao açúcar brasileiro", opinou.

Velasco enxerga que não há ganhos do ponto de vista comercial por parte do governo de Jair Bolsonaro.

"Não consigo enxergar grandes vitórias do governo Bolsonaro em matéria comercial em face dos Estados Unidos. Essa renovação, mais uma vez, de uma cota ao açúcar brasileiro não foge do que já acontecia em outros momentos, quer dizer, não é uma vitória do governo atual. Não é algo para ser atribuído a forte convergência do Brasil e Estados Unidos, então não consigo enxergar efetivamente maiores vitórias do ponto de vista comercial na relação bilateral", completou.
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