Risco ao dólar: déficit fiscal dos EUA é o maior em 7 anos

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O déficit fiscal norte-americano atingiu 4,7% do PIB, o maior nível em sete anos. O valor total do déficit foi de US$ 984 bilhões (cerca de RS$ 4 trilhões).

O ano fiscal de 2019 fechou neste dia 30 de setembro com os EUA registrando o maior déficit fiscal dos últimos sete anos. De acordo com dados preliminares do relatório da Comissão Orçamentária do Congresso norte-americano, o déficit atingiu US$ 984 bilhões (cerca de RS$ 4 trilhões).

"Relativamente ao tamanho da economia o déficit atingiu 4,7% do PIB, o maior índice desde 2012. O ano de 2019 é o quarto ano consecutivo no qual observamos um aumento da relação percentual do déficit em relação ao PIB", informou o relatório.

Para cobrir o déficit, o Federal Reserve recorreu à emissão de moeda, injetando recursos na economia. No início de setembro, o órgão regulador injetou US$ 185 bilhões (cerca de RS$ 759 bilhões) na economia norte-americana.

De acordo com especialistas, medidas como essa podem levar a aumento inflacionário e à perda de valor da moeda norte-americana.

Corte nos impostos, aumento nos gastos

Especialistas afirmam que o déficit atingiu nível recorde por causa da malsucedida reforma tributária, das despesas com programas sociais, além dos gastos com o serviço da dívida pública.

De acordo com o consultor de investimentos Aleksandr Bakhtin, o déficit fiscal, que representa a diferença entre as receitas e despesas do governo, é consequência da reforma tributária do governo Donald Trump, dos gastos com programas sociais e com o serviço da dívida pública.

"Programas sociais como o Social Security, Medicare e Medicaid seguem tendo impacto significativo no déficit fiscal norte-americano. Além disso, por causa da reforma de Trump, a receita tributária foi reduzida significativamente, enquanto os gastos federais continuaram a aumentar", disse o economista.

Cumprindo sua promessa de campanha, no fim de 2017 o presidente Donald Trump assinou o projeto de lei que reduziu os impostos para as empresas de 35% para 21%.

O objetivo da medida era fomentar o crescimento econômico: os cortes nos impostos iriam possibilitar o aumento do lucro das empresas que, consequentemente, aumentariam os salários de seus funcionários, fazendo a roda da economia girar.

© AP Photo / Jacquelyn MartinDesigualdade nos EUA: americanos fazem fila para receber atendimento médico na Flórida
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No entanto, de acordo com o especialista da Academia de Gestão Financeira e de Investimentos Gennady Nikolaev, as empresas preferiram guardar essa taxa de lucro adicional para si mesmas:

"As empresas obtiveram a oportunidade de ganhar mais em função da queda nos impostos, mas não se apressaram em aumentar os salários de seus funcionários. Por isso, a esperada aceleração na atividade econômica não se materializou, enquanto o orçamento perdeu quase US$ 1,5 trilhões por ano [cerca de RS$ 6,1 trilhões]", explicou o economista.

Espiral da dívida

Para cobrir o déficit fiscal os EUA irão aumentar a emissão de títulos da dívida pública. Investidores americanos e estrangeiros compram esses títulos e, em troca, recebem juros estáveis.

"O financiamento do déficit será feito a partir do aumento da dívida pública, o que é a regra nos EUA. Atualmente, a dívida pública está em mais de US$ 22,8 trilhões [cerca de RS$ 93 trilhões], e a cada segundo ela aumenta em cerca de US$ 2 milhões", esclareceu o economista Mark Goikhman.

O crescimento da dívida pública aumentará a pressão sobre o orçamento federal no longo prazo. Segundo Alexander Bakhtin, a necessidade de atender à dívida crescente requer novas injeções de dinheiro, o que agrava ainda mais o déficit.

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