'Airbag' comercial: como África pode compensar disputa econômica entre EUA e China

CC0 / Pixabay / Continente africano no globo terrestre (imagem de arquivo)
Continente africano no globo terrestre (imagem de arquivo) - Sputnik Brasil
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A economia chinesa cresceu 6,3% no primeiro semestre de 2019, com seu PIB indo de 6,4% no primeiro trimestre para 6,2% no segundo, uma taxa de crescimento alta, mas a pior já observada no país desde 1992, segundo as estatísticas chinesas.

O conflito comercial entre os EUA e a China é citado pelos economistas como sendo uma das principais razões para a desaceleração recorde da economia chinesa em 27 anos. Porém, o país asiático pode compensar parcialmente as perdas causadas pelas restrições dos EUA à custa da África - uma região da qual conseguiu tornar-se um parceiro importante na última década.

Embora na cúpula do G20, realizada em junho, os dois países tenham concordado em retomar as negociações, os especialistas receiam que a disputa tarifária se agrave novamente.

Em caso de outro agravamento das relações com Washington, Pequim tem um "airbag" comercial - a África. Nos últimos anos, o país asiático aumentou significativamente a sua influência econômica no continente africano e ganhou novos mercados para os seus produtos, salientam os jornalistas Vladimir Tsegoyev e Nikita Bondarenko.

Previsão de crescimento

"O continente africano para a China é simultaneamente uma fonte de acesso direto aos recursos [bauxita de alumínio, minérios de metais ferrosos, florestas, depósitos de grafite para a produção de diamantes industriais] e um grande mercado de bens de consumo [vestuário, tecidos, eletrônica, eletrodomésticos e muitos outros produtos], o que é muito vantajoso no contexto da relação preço/qualidade aos olhos das grandes cadeias de compradores e revendedores", disse Pyotr Pushkariov, analista da TeleTrade.

Até 2020, os analistas estimam que o volume de comércio entre a China e as nações africanas pode aumentar em 33%.

Em muitos aspetos, a dinâmica positiva estará associada à eliminação gradual das barreiras comerciais entre os países da região, com a implementação do acordo da Área de Livre Comércio Continental Africano (AfCFTA), do qual a China é mediador.

Para o representante do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, o novo acordo será a base para o desenvolvimento das relações comerciais entre a China e a África. A eliminação das barreiras alfandegárias entre os países do continente facilitará muito o fornecimento de produtos chineses para a região.

Influência comercial na África

Em 2018, o comércio da nação asiática com os EUA superou quase três vezes o volume do comércio com a África, atingindo US$ 633,5 bilhões (R$ 2,3 trilhões), de acordo com as estatísticas da Administração Geral das Alfândegas da China.

Na opinião de Pushkariov, no decorrer do tempo, as receitas das exportações chinesas para África e das próprias empresas chinesas no continente africano podem compensar parcialmente a perda causada pelas restrições tarifárias americanas.

Estima-se que, nos próximos anos, a China aumente ainda mais a sua influência na África através do apoio financeiro aos países do continente. Por exemplo, em setembro de 2018, o presidente chinês Xi Jinping prometeu destinar aos países africanos cerca de US$ 60 bilhões (R$ 226 bilhões) em investimentos, empréstimos e, em parte, doações.

© AP Photo / Andy WongBandeiras dos EUA e China (imagem de arquivo)
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Os especialistas destacam que essas ações de Pequim permitirão ao país colher benefícios econômicos, além de fortalecer sua posição geopolítica no mundo.

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