Bloomberg: aposta da Rússia no ouro está valendo a pena

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Durante muitos anos a Rússia tem aumentado suas reservas de ouro, mesmo quando seu preço estava em queda, e parece que essa estratégia está valendo a pena, diz analista da Bloomberg.

Em seu artigo para a agência Bloomberg, o analista Leonid Bershidsky sublinhou que geralmente a dominância do dólar como moeda de reserva é considerada um resultado da falta de ativos seguros.

Mudança na estrutura das reservas internacionais

Entretanto, nos últimos tempos a Rússia se tornou um exemplo de como uma economia que ocupa o 5º lugar na lista dos países com maiores reservas internacionais pode minimizar o volume dos ativos denominados em dólares e ter sucesso.

A Rússia apostou na mudança da estrutura dos seus ativos internacionais em 2014, quando o Ocidente introduziu contra Moscou o primeiro pacote de sanções. O analista sublinha que, embora desde então os países europeus não tenham adotado novas sanções contra a Rússia, Washington faz isso regularmente.

O Kremlin e o Banco Central da Rússia entendem que o risco de futuras restrições é imprevisível e depende não tanto das ações da Rússia, como da política interna dos EUA.

Para se livrar da dependência do dólar estadunidense, em 2017 o Banco Central reduziu em mais de duas vezes a cota-parte do dólar nas reservas internacionais, aumentando o papel do euro e do yuan, bem como aumentou suas reservas de ouro.

Em junho de 2019 o preço do ouro aumentou quase 7%, fazendo com que as reservas internacionais da Rússia aumentassem em cerca de sete bilhões de dólares (R$ 27 bilhões) sem ter havido compras adicionais desde o fim do primeiro trimestre de 2019.
Se o preço do ouro continuar aumentando, a cota-parte do ouro das reservas internacionais russas alcançará 20% se aproximando da do dólar.

Seguindo o exemplo da Rússia

Segundo o Conselho Mundial do Ouro (WGC, na sigla em inglês), no ano passado os bancos centrais de todo o mundo compraram 651,5 toneladas de ouro – um aumento de 74% em comparação com 2017.

Vale ressaltar que a tendência continuou em 2019: nos primeiros três meses deste ano bancos centrais por todo o mundo compraram 715,7 toneladas de ouro, ou seja, 68% mais do que no mesmo período do ano passado.

Cada vez mais países consideram o ouro um ativo seguro em comparação com o dólar estadunidense. Por exemplo, em meio ao conflito comercial com os EUA, a China está gradualmente reduzindo seus investimentos em dólares e presta mais atenção ao ouro. Entre os outros compradores do ouro se encontram a Turquia e a Índia.

O autor do artigo sublinha que "devido às taxas de juro baixas, beligerância imprevisível da administração de Trump e sua propensão incontida para empréstimos, bem como à instabilidade geopolítica, o ouro parece ser um ativo mais seguro que os títulos da dívida dos EUA".

"A atual e a futura administração dos EUA devem atuar de forma mais cautelosa em relação aos outros países para que eles não obtenham razões para se livrar do dólar e seguir o exemplo do Kremlin", declarou Bershidsky.

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