'Armadilha dourada': como Rússia e China estão dispostas a pôr fim à hegemonia do dólar

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Os analistas americanos entenderam finalmente por que é que a Rússia e a China estão comprando cada vez mais ouro: o objetivo de Moscou e Pequim é mudar as regras na economia global e pôr fim à hegemonia do dólar. A Sputnik explica como a Rússia e a China podem estar preparando uma armadilha econômica para o Ocidente.

Segundo os dados do Conselho Mundial do Ouro (WGC, na sigla em inglês), no ano passado os bancos centrais por todo o mundo compraram 651 toneladas de ouro, ou seja, 74% mais do que em 2017 – o maior volume desde 1971, quando os EUA abandonaram o padrão ouro. Metade desse volume foi comprado pelo Banco Central russo.

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Hoje o Banco Central russo dispõe de 2.112 toneladas de ouro no valor de 87 bilhões de dólares (R$ 342 bilhões). Nos últimos dez anos, a cota-parte do ouro nas reservas russas aumentou de 3,5% para 18,6%, enquanto os investimentos em títulos do Tesouro dos EUA e dólares atingiram seu ponto mínimo. Como resultado, atualmente a Rússia ocupa o quinto lugar na lista dos países com maiores reservas de ouro.

O segundo lugar entre os maiores compradores de ouro pertence à China, que dispõe de 1.853 toneladas do ouro no valor de 76 bilhões de dólares (R$ 301 bilhões), tendo aumentado significativamente suas compras de ouro no fim de 2018. Um outro grande comprador de ouro é a Índia, cujas reservas deste metal precioso cresceram no ano passado em 42 toneladas.

Além disso, a incerteza política e econômica global levaram os bancos centrais a diversificar suas reservas e a aumentar os investimentos em ativos seguros e de maior liquidez, informou o WGC.

"O ouro é a moeda mais forte do mundo, estando apenas sujeita a uma inflação natural mínima, sendo um bom seguro contra as flutuações do dólar. É um recurso altamente líquido, enquanto grandes reservas de ouro fortalecem a confiança dos investidores no rublo russo", indica o analista Ronald-Peter Stoferle ao jornal alemão Neue Zurcher Zeitung.

O ouro ganha cada vez mais importância como um seguro contra o possível calote dos EUA. Segundo o analista financeiro Bill Holter, a Rússia e a China entendem que será muito difícil para os EUA amortizar suas dívidas e, no fim de contas, a compra de títulos do Tesouro dos EUA não faz sentido.

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Nesta situação, "como é que eles [a Rússia e a China] se defendem? Eles estão comprando ouro. O ouro e a prata são concorrentes diretos de qualquer papel-moeda", explica.

Os analistas estão certos de que, na situação atual, a compra de metais preciosos é a melhor estratégia tanto para os bancos centrais, como para os investidores privados.

"No mercado da dívida pública dos EUA está sendo formada a maior bolha na história. O ouro e prata estão muito subvalorizados. Por isso, agora é de apostar contra a dívida pública e comprar ativos fortes, como o ouro e a prata. Nenhum político ou chefe do Fed [banco central dos EUA] é capaz de mudar isso. Nada pode impedir o crescimento explosivo dos preços do ouro que iremos observar no futuro", explicou o corretor Gregory Mannarino.

Os maiores banco de investimento apoiam essa previsão. Segundo o Goldman Sachs, a emissão incontrolada de dólares ameaça cada vez mais a estabilidade da economia global e levará ao aumento dos preços dos ativos reais, em primeiro lugar do ouro.

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Mais um fator que contribuirá para o aumento drástico dos preços do ouro é a redução de sua produção. Segundo os especialistas da Newmont Goldcorp, a produção de ouro começará a cair nos próximos anos, atingindo em 2022 o nível do início do século XXI. Alguns cientistas avisam que as reservas de ouro na Terra estarão esgotadas até 2034.

Bill Holter está certo que, na véspera do colapso dos mercados da dívida, a Rússia e a China irão comprar tanto ouro quanto possível.

"O plano ambicioso de Moscou e da China visa esgotar as reservas de ouro do Ocidente. Quando surgirem problemas com o fornecimento desse metal, a Rússia e a China conseguirão derrubar a hegemonia do Tesouro dos EUA e do dólar como moeda de reserva e estabelecerão suas regras na economia global", concluiu Holter.

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