A imprensa israelita, em particular o Jerusalem Post, sugeriu que a questão da participação do capital chinês e de empresas chinesas em setores sensíveis da economia israelense deveria ser discutida durante as negociações e no jantar entre Donald Trump e Benjamin Netanyahu.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, visitou Israel antes da visita do primeiro-ministro israelense aos EUA e, em entrevista ao Canal 13 da televisão local, ameaçou parar a troca de informações com Israel, se Tel Aviv não tomar medidas contra as ameaças que podem vir da expansão da cooperação com a China. "Isso é verdadeira chantagem", disse à Sputnik Oleg Matveychev, professor da Escola Superior de Economia.
Segundo o professor, Israel tem serviços de inteligência poderosos, mas trata-se de chantagem, algo que agora se tornou norma no comportamento dos EUA. Matveychev afirma que os EUA chantageiam não só Israel, mas também os seus parceiros mais próximos na OTAN, os britânicos, os alemães, os franceses, estão chantageando todo o mundo, incluindo a Rússia e a China, tentando fazer com que qualquer cooperação só se realize em um formato benéfico para eles.
Para a elite militar e política de Israel vai a ser muito difícil discordar dos EUA, de acordo com Matveychev. Ele indica que o apoio dos EUA sempre foi importante para Israel, no sentido político é mais importante do que a cooperação com a China. Por esta razão, Israel, para manter as aparências, pode abandonar alguns contratos insignificantes com a China, esperando por uma mudança de poder em Washington, acredita o especialista.
O jornalista, historiador e cientista político israelense Mikhail Schwartz, que mora em Tel Aviv, disse em entrevista à Sputnik que Israel está construindo sua política externa independente, embora não seja a primeira vez que os EUA interferem quando não gostam da política de Tel Aviv. O especialista israelense explica que política Israel irá realizar desta vez nas suas relações com a China.
"A China começou a construir uma série de instalações estratégicas que, no fundo, atrapalham os americanos, em particular o porto de Haifa. Penso que, no final, alguns projetos terão de ser abandonados se os EUA pressionarem fortemente. Israel tem boas relações com a China, mas se a China quiser comprar esta ou aquela empresa israelita, o controlo sobre a compra de ativos será reforçado" disse Schwartz.
Dmitry Mariasis, um especialista do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências da Rússia, em uma entrevista com a Sputnik, lembrou que em 2000 Israel foi forçado a cancelar um grande acordo militar com a China sob pressão dos EUA. No entanto, se então o obstáculo foi o problema da violação dos direitos de propriedade intelectual, desta vez o preço da questão é muito maior.
"Israel sofreu então graves custos de imagem devido ao cancelamento da transação e, evidentemente, prejuízos financeiros porque a empresa israelita pagou uma multa. Dessa vez, não foi tanto a pressão dos americanos em favor de interesses geopolíticos. Foi a pressão dos interesses dos fabricantes americanos que tinham produtos similares e estavam interessados em vender seu equipamento militar" — disse Mariasis.
As importações da China provenientes de Israel atingiram US$ 2,77 bilhões (R $10,5 bilhões) no primeiro semestre de 2018, um aumento de 47% em relação ao mesmo período do ano anterior. O principal motor da economia israelita é a alta tecnologia. Em 2018, 12% de todo o investimento em projetos israelenses era chinês. Ao mesmo tempo, 25% dos grandes investimentos — acima de US$ 25 milhões (R$ 97 milhões) — em projetos israelenses eram de origem chinesa.