Sentença já assinada: dólar está perdendo seu estatuto da moeda de reserva global

CC BY 2.0 / Mike Poresky / FogoNota de cinco dólares em chamas
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A hegemonia do dólar está à beira do seu fim, avisa a Reserva Federal (Fed), banco central dos EUA, e os maiores investidores. A colunista da Sputnik Natalia Dembinskaya revelou por que proeminentes financistas apostam no fim da dominação do dólar.

Embora o dólar continue desempenhando um papel chave no comércio internacional, existem cada vez mais fatores que jogam contra a moeda americana, estando sua dominação mundial à beira do fim, escreve o portal Liberty Street Economics, pertencente à Reserva Federal de Nova York (um banco chave do Fed).

As quedas nas bolsas americanas se tornam cada vez mais frequentes, afetando os mercados financeiros de outros países e alimentando apelos para reformar o sistema monetário internacional existente ou encontrar uma alternativa ao dólar. 

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Há quem proponha usar os direitos especiais de saque (DES) – unidade de pagamento criada pelo Fundo Monetário Internacional – como uma alternativa ao dólar. Mais de uma dúzia de organizações internacionais e regionais já usam os DES como instrumento para determinar os preços e tarifas.

Segundo Dembinskaya, já em 2009 a China propôs criar uma nova moeda global com base no DES. À medida que a economia se reforçou após a crise global, essa proposta se tornou irrelevante, mas, depois do início das guerras comerciais, a situação mudou drasticamente.

Enquanto os economistas continuam discutindo a capacidade dessa moeda sintética de se tornar uma alternativa real ao dólar, os bancos centrais em todo o mundo reduzem a cota-parte da moeda americana nas suas reservas internacionais. Por exemplo, entre junho de 2017 e junho de 2018, o Banco Central russo reduziu a cota-parte de seus ativos denominados em dólares de 46% para 22%, aumentando o volume das reservas em euros e yuanes.

Dembinskaya sublinha que vários outros países, incluindo a China, Índia e Turquia, tomaram as mesmas medidas, enquanto a UE declarou que planeja reduzir o volume das transações realizadas em dólares americanos.

Diversos analistas sublinham que no futuro próximo os bancos centrais vão vender ativamente seus ativos denominados em dólares. Por exemplo, no segundo trimestre de 2018, a cota-parte do euro nas reservas globais aumentou para 20,26% — o máximo desde o quarto trimestre de 2014. Isso pode causar grandes problemas para os EUA.

"O estatuto atual do dólar como moeda de reserva principal permite isolar a economia americana dos choques externos. Se a moeda deixou de desempenhar o papel chave nos mercados globais, haverá graves consequências, em primeiro lugar, para o emissor, ou seja, para os EUA", sublinhou Linda Goldberg, a vice-presidente da Reserva Federal de Nova York.

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De acordo com os analistas do banco de investimentos americano JPMorgan Chase, até ao fim de 2019 o dólar começará a perder seu valor em relação à outras moedas. Essa tendência deverá manter-se por muitos anos, sublinham os analistas.

Ray Dalio, o fundador do maior fundo de hedge, o Bridgewater Associates, acredita que um dia o dólar colapsará, não suportando o peso do "déficit triplo" da economia dos EUA: déficit orçamentário, déficit comercial e déficit de conta corrente da balança de pagamentos.

Esse déficit triplo afugentará os investidores estrangeiros dos títulos do Tesouro dos EUA, provocando o aumento brusco de sua rentabilidade e a desvalorização do dólar – pelo menos em 30%. Nesse contexto, a moeda americana perderá inevitável e rapidamente seu estatuto da moeda de reserva global.

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