Que nem México para EUA: como economia ucraniana fica cada vez mais dependente de Moscou

© Fotolia / Prokop.photoGrívnia, moeda nacional da Ucrânia
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Recentemente, o Serviço de Estatística da Ucrânia publicou os dados em relação aos investimentos estrangeiros no país nos primeiros seis meses do ano de 2018. Segundo escreve a colunista Irina Alksnis em seu artigo especial para a Sputnik, os respectivos cálculos eram bem previsíveis e não apresentaram nenhuma surpresa.

Uma das principais conclusões tiradas pelo relatório foi o nível baixo de investimentos estrangeiros na economia ucraniana, somando 1,259 bilhão de dólares (pouco mais de 5 bilhões de reais).

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Em segundo lugar, sublinha a colunista, é a distribuição dos investimentos por setores. No caso da Ucrânia, a parte leonina (quase 60%) foi alocada às finanças e seguros, enquanto outros 10% foram para o comércio varejista e atacadista. Deste modo, a indústria ucraniana ficou com investimentos mínimos, o que "não é surpresa nenhuma, dada a envergadura e a rapidez da desindustrialização do país", observa a jornalista.

A terceira, e talvez a mais importante, conclusão é de que o primeiro lugar (36%) na lista dos investidores na economia ucraniana é tradicionalmente ocupado pelo "país-agressor", ou seja, pela Rússia.

"Isto não significa um crescimento dos investimentos russos na Ucrânia (este não existe), mas a queda do interesse pela última por parte dos investidores externos", observa a colunista.

Dessa maneira, as estatísticas comprovam que, apesar de todas as perturbações políticas, os laços econômicos entre os dois países estão se restaurando.

"As trocas comerciais entre as duas nações estão crescendo a ritmo recorde após a depressão provocada pelos acontecimentos do ano de 2014. Em 2017, cresceram drasticamente em mais de 24%", acrescenta Alksnis.

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No ano corrente a tendência ficou, alcançando quase 30%, tomando em consideração que as exportações russas para a Ucrânia obviamente crescem a ritmos mais rápidos do que as exportações ucranianas. Em resultado disso, é precisamente a Rússia que ocupa hoje em dia o lugar de principal parceiro econômico da Ucrânia.

Outra coisa importante são as mudanças na estrutura do comércio bilateral.

"A Ucrânia pós-Maidan conseguiu o que queria e delas [trocas comerciais] desapareceu uma série de produtos que a tornavam não apenas um parceiro da Rússia importante, mas estratégico, de quem Moscou estava seriamente dependente", argumenta a jornalista se referindo à produção ucraniana das indústrias aeroespacial e de construção naval.

Os processos descritos são às vezes batizados como "mexicanização" da Ucrânia, ou seja, o fato do país se tornar um análogo do México, relativamente aos EUA, nas suas relações comerciais com a Rússia, no sentido de ser um mercado de venda grande, embora bem pobre, além da fonte de mão-de-obra.

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"Os quatro anos de tentativas de integrar a Europa [União Europeia] fizeram com que a Ucrânia simplesmente ficasse dependente da Rússia, mas de uma forma pior. Mas se anteriormente Kiev tinha uma lista bem vasta de ferramentas econômicas para regatear com Moscou e até pressioná-la, hoje quase todas elas foram eliminadas", frisa a autora do artigo.

Assim, escreve ela, hoje em dia a Ucrânia continua com "excesso de pessoas", apesar do despovoamento em massa.

"Para uma parte considerável do povo, a cooperação econômica com a Rússia é a única forma de sobrevivência física, sejam os medicamentos russos vitais e acessíveis (ao contrário dos análogos ocidentais), ou o emprego em uma fábrica de sapatos, metalúrgica ou outra indústria criticamente dependente das vendas da sua produção ao 'agressor'", diz, adiantando que muitos ainda têm familiares no território russo e que lhes enviam ajuda.

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