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Tsunami de investimentos: onda chinesa toma conta do Brasil

© Lintao Zhang/APInvestimentos chineses no Brasil somaram quase US$ 21 bilhões em 2017
Investimentos chineses no Brasil somaram quase US$ 21 bilhões em 2017 - Sputnik Brasil
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Cerimoniosos, sorridentes e discretos quando o assunto é negócios. A combinação desses ingredientes fez com que os investimentos chineses no Brasil, no ano passado, fossem os maiores em sete anos. Foram nada menos do que US$ 20,9 bilhões aplicados em diversos setores, em especial petróleo e gás, logística e agricultura.

Os números, confirmados pelo Ministério do Planejamento, não incluem, porém, negócios privados, como a compra do aplicativo de taxis 99 pela Didi Chunxing, entre outras transações. Para este ano, os sinais são que o dragão de investimentos ainda tem muito fôlego para gastar e, terras brasileiras. Um fundo bilateral, constituído no ano passado, em financiamentos de bancos estatais chineses e brasileiros prevê mais US$ 20 bilhões em aportes. O alvo do fundo são projetos de ferrovias e infraestrutura para facilitar o transporte de grãos aos portos brasileiros, em especial a soja, da qual a China é, hoje, a principal importadora.

Para Renata Amaral, diretora de Comércio Internacional da Barral M. Jorge, consultoria especializada em comércio exterior, a onda de investimentos chineses veio para ficar. Uma das razões, segundo ela, é o baixo preço dos ativos de empresas no Brasil devido a dois anos de recessão. Outro fator importante é a visão de longo prazo por parte do governo chinês em suas aplicações no exterior.

"O Brasil em crise nos últimos anos foi visto pela China como uma grande oportunidade. Os investimentos externos para o Brasil, nos últimos anos, não diminuíram ao contrário do que pode parecer, eles até aumentaram nos últimos anos. A China já a principal parceira brasileira desde 2009, quando superou os Estados Unidos e não vem poupando esforços para estreitar os laços com o Brasil em setores onde não era tão comum no começo", diz a diretora da Barral M. Jorge.

Renata lembra que, no início, o foco era direcionado muito para commodities, depois entre 2012 e 2013, observou-se a chegada de empresas para a área industrial, principalmente máquinas, equipamentos, montadoras e eletroeletrônicos, e agora no setor de serviços, além dos investimentos em infraestrutura e que prometem continuar com vigor neste ano e em 2019.

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A executiva não vê as eleições deste ano como um risco para esse fluxo de investimentos. Na sua avaliação, seja quem for o vitorioso nas eleições de outubro, dificilmente os chineses vão rever seu cronograma de aportes.

"Os chineses têm uma visão de longo prazo, eles têm aqueles planos de 100 anos e o Brasil é um dos países prioritários para eles. Quando o Temer assumiu, ele tinha muito mais afinidades com a China do que a Dilma", diz Renata, observando que a China é de longe a maior investidora no Brasil entre os países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). No ranking mundial de investimentos aqui só perde para os EUA, liderança que deve ser perdida ainda este ano. O único problema que a executiva aponta é ainda o desconhecimento do empresário brasileiro em como negociar com os chineses, que têm um estilo completamente diferente dos ocidentais.

"O Brasil precisa entender a China e como ela funciona. Ainda falta compreensão mais ampla das autoridades e do próprio setor privado em como negociar com os chineses. É muito difícil, para não dizer impossível, encontrar um chinês despreparado numa reunião com a sua contraparte, eles são muito preparados, o que é uma qualidade. Não dá para querer olhar a China com nosso olhar ocidental", finaliza a diretora  da Barral M.Jorge.

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