O São Paulo foi encomendado pela Marinha Francesa, em 1963, e originalmente foi batizado como Foch (R99). O porta-aviões foi adquirido pela Marinha do Brasil em 2000 e tornou-se a nau-capitânia. Após diversos problemas de capacidade de manutenção, a embarcação foi oficialmente desativada em janeiro de 2017.
O leilão do navio, que contêm grandes quantidades de substâncias perigosas, foi iniciado em dezembro do ano passado, mas foi adiado em função da pandemia de COVID-19 e finalmente suspenso. A causa da suspensão mais recente não foi divulgada.
Como a França era o proprietário original do navio, a cláusula contratual na venda do Foch garante ao país a última palavra sobre onde o porta-aviões pode ser desmontado. Assim, os estaleiros de reciclagem de navios, autorizados a participar na licitação, foram aprovados pelas autoridades francesas.
Segundo estimativas, existem aproximadamente 900 toneladas de amianto e materiais contendo amianto, centenas de toneladas de materiais contendo PCB e grandes quantidades de metais pesados a bordo do navio de guerra.
Marinha prestou esclarecimentos sobre as notícias envolvendo a situação do porta-aviões em nota, encaminhada à Sputnik Brasil.
"Informamos que o leilão do casco do ex-NAe São Paulo foi temporariamente suspenso na fase de análise de recursos e contrarrazões das empresas interessadas, em razão de necessidade de nova consulta ao governo francês", informou o documento enviado pela corporação.
"Quanto às notícias de que a Marinha do Brasil (MB) reassumiu o controle no navio, esse fato não procede, pois o navio, mesmo desativado, ainda pertence à MB. O processo de leilão, ora em andamento, não ocorre sob a supervisão do governo francês, mas tão somente com a concordância deste, em razão de cláusulas contratuais existentes no contrato de compra do navio pelo Brasil junto à França", acrescentou a nota.
Proteger a Amazônia Azul
Segundo Ricardo Cabral, pesquisador da Escola de Guerra Naval e especialista em assuntos militares, porta-aviões são os principais e mais importantes navios das marinhas no mundo todo.
"A presença de um porta-aviões num determinado espaço marítimo provoca tensão. Provoca uma série de contramedidas, que são necessárias para outras marinhas de modo a neutralizar sua possível capacidade de projeção de poder", explicou Cabral à Sputnik Brasil.
O pesquisador destacou que, quando uma Marinha avalia a necessidade de uma embarcação do tipo, pensa no cumprimento das quatro tarefas do poder naval: controle de área marítima, negação do uso do mar ao inimigo, projeção de poder sobre terra e contribuir para a dissuasão.
"Para uma Marinha como a do Brasil nós precisaríamos de um porta-aviões médio. Mais ou menos como era o São Paulo, entre 32 mil e 35 mil toneladas. O seu raio de ação com certeza cobre completamente a área da Amazônia Azul com o deslocamento dele. O ideal seriam dois [porta-aviões]", destacou o especialista.
De navio de guerra a museu
Para alguns, a suspensão do leilão é considerada como algo positivo. Em junho de 2018 foi criado o Instituto São Paulo/Foch, associação sem fins lucrativos, com o objetivo de impedir a destruição do navio de guerra e transformá-lo em museu naval com investidores, de modo a isentar o governo e Marinha do Brasil de gastos.
O instituto usou como modelo o USS Intrepid, um dos vários navios que se tornaram museu nos Estados Unidos, e busca evitar o destino do porta-aviões NAe A-11 Minas Gerais, antigo HMS Vengeance da classe Colossus, que foi desmontado em 2001 na Índia.
"O navio voltou para a Marinha do Brasil. Agora, nosso Instituto tem muito trabalho a fazer", disse Emerson Miura, Presidente do Instituto São Paulo/Foch, citado pela Defesa Aérea & Naval.
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)