Rússia se fortalece no Ártico, já estratégias da OTAN e Noruega seguem obsoletas, diz especialista

© REUTERS / Balazs KoranyiU33, submarino alemão da classe 212, se prepara para os exercícios da OTAN Dynamic Mangoose 2015 perto de Bergen, na costa oeste da Noruega.
U33, submarino alemão da classe 212, se prepara para os exercícios da OTAN Dynamic Mangoose 2015 perto de Bergen, na costa oeste da Noruega. - Sputnik Brasil
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Ida Holst-Pedersen Kvam, pesquisadora da Academia Naval da Noruega, alertou para as fraquezas estratégicas no norte do país escandinavo e para possíveis mudanças nos planos russos.

Desde a Guerra Fria, as Forças Armadas da Noruega consideram uma possível invasão russa ao condado de Finnmark, que se encontra na fronteira com a Rússia. De acordo com a pesquisadora, contudo, o panorama se alterou e o planejamento de 60 anos atrás está desatualizado.

"A Noruega e a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] parecem que se preparam para o cenário errado", afirmou Kvam ao canal NRK. "Não é definitivo que seja necessário ocupar Finnmark para garantir os interesses russos em uma guerra de grande escala com a OTAN. Os planos de guerra soviéticos, que incluíam a ocupação de Finnmark, foram desenvolvidos prevendo um cenário diferente e com condições tecnológicas diferentes das atuais."

Kvam chamou essa perspectiva de "ultrapassada". Segundo a pesquisadora, a elevada atividade da OTAN nas águas do norte provocou uma mudança nos planos russos. O arquipélago de Lofoten, no condado de Nordland, surge como o novo ponto central.

"Se a Rússia estabelecer seus sistemas de mísseis de longo alcance em Lofoten, ela poderá controlar grande parte do norte da Noruega e áreas marítimas mais a oeste. Além disso, as forças do Exército em Troms e Finnmark estarão isoladas do resto da Noruega", considerou Kvam.

Segundo a especialista norueguesa, a Noruega e a OTAN não consideram as significativas mudanças de tecnologia de armas, estratégias e táticas no lado russo.

"Atualmente, os sistemas de armas russos possuem um alcance que cobre completamente Finnmark. [...] Desta forma, Finnmark não pode mais ser usado pelos aliados ocidentais e a Rússia ganha a zona tampão que precisa para assegurar sua capacidade nuclear no norte", analisou Kvam.

Para a pesquisadora, conforme a Rússia fortalece suas capacidades para uma guerra costeira, Noruega e OTAN arriscam serem ultrapassadas. "O foco da OTAN nas últimas décadas tem se redirecionado para gestão de crises e operações distantes do território da própria Aliança [Atlântica]. Isso afetou a capacidade para conflitos ao longo da costa."

CC BY-SA 2.0 / Defence Images / 539º Esquadrão de Ataque realiza manobra em praiaUm soldado da OTAN durante manobras militares na Noruega
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Um soldado da OTAN durante manobras militares na Noruega

Contudo, a opinião da especialista não é compartilhada pelo chefe da Defesa da Noruega, o almirante Haakon Bruun-Hanssen, que afirma:

"O valor de Finnmark em um contexto estratégico não mudou profundamente desde a Guerra Fria. [...] Não acho que vejo pontos concretos no lado russo que indicam que Lofoten é um cenário mais relevante que Finnmark", comentou o almirante.

O coronel John-Olav Fuglem, chefe de operações do Exército norueguês, salienta que "Finnmark será sempre extremamente importante para o Exército e para a Noruega".

As tensões entre Moscou e Oslo têm aumentado progressivamente. Enquanto a Noruega teme a modernização das capacidades militares russas no mar de Barents, a Rússia observa a crescente presença de aeronaves da OTAN no território norueguês.

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