Irã pôs Albânia na mira após assassinato de Soleimani

© AP Photo / Ministério da Defesa da AlbâniaSoldados do Exército da Albânia em Tirana, capital do país balcânico
Soldados do Exército da Albânia em Tirana, capital do país balcânico - Sputnik Brasil
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À medida que cresce a tensão entre os EUA e o Irã, a Albânia, membro da OTAN, encontra-se de novo na mira da República Islâmica.

Após o recente assassinato do general iraniano Qassem Soleimani em um ataque com drone dos EUA e a consequente troca de galhardetes entre os dois países, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, insurgiu-se contra a Albânia, um pequeno país dos Balcãs membro da OTAN. "Há um pequeno, mas maléfico país europeu no qual americanos e traidores iranianos se juntaram para conspirar contra a República Islâmica", segundo escreveu Deutsche Velle, em referência ao líder supremo do Irã.

Ligação com EUA e descontentamento do Irã

Mas por que razão, ao certo, a Albânia se viu envolvida neste conflito EUA-Irã? Os atritos entre os dois países remontam a 2013 quando o país da península balcânica acedeu a um pedido dos EUA e permitiu o refúgio no seu território de mais de 3.000 membros da organização dissidente iraniana MEK – Mujahidin do Povo do Irã, considerada uma organização terrorista por Teerã e que estavam sendo perseguidos no Iraque.

Segundo o premiê albanês, Edi Rama, a "inabalável aliança" do seu país com os EUA esteve na base da decisão de receber os rebeldes iranianos em seu território.

Premiê albanês admite riscos da situação

Os membros do MEK vivem em um enorme acampamento de alta segurança perto da cidade costeira de Durres, a cerca de 30 km da capital, Tirana. Mas agora que o Irã jurou vingar a morte do general Soleimani, eles sentem cada vez mais receio, mesmo tendo sido reforçada a segurança do acampamento. O conselheiro jurídico do MEK, Behzad Saffari, disse à Deutsche Velle que mesmo assim o grupo não se sente seguro.

Rama admite que o acolhimento dos membros do MEK pode representar nos dias de hoje um risco crescente para a Albânia. No entanto, frisou ser um risco que "também honra e mantém viva a tradição humanitária albanesa", relembrando o papel anterior do país na proteção dos judeus contra os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. A Albânia não deportou um único judeu para a Alemanha nazista, mesmo estando primeiro sob jugo italiano e mais tarde alemão.

Albânia está na 'linha de fogo'

Também ajudou a esta reação iraniana o fato de a Albânia ter saudado o assassinato de Soleimani e expulsado imediatamente dois diplomatas iranianos, alegadamente por se envolverem em atividades que não condiziam com o seu status diplomático, eufemismo para atos de espionagem. Em outubro de 2019, por exemplo, a polícia albanesa teria descoberto uma célula terrorista controlada pelo Irã que pretendia realizar ataques contra os membros do MEK nos Balcãs. A polícia albanesa acredita que o grupo faz parte da tropa de elite Quds do Irã.

A especialista albanesa em segurança, Redion Qiriazi, diz que o país dos Balcãs está cada vez mais ameaçado pelo regime iraniano e que os ataques cibernéticos e o terrorismo representam o maior perigo. A analista não exclui a possibilidade de as forças albanesas, que servem em missões internacionais no exterior, por exemplo, no Oriente Médio e na Ásia Central, sejam atacadas.

Falando em uma conferência de segurança em Tirana no início deste mês, o general americano Michael Barber também advertiu que a Albânia deve permanecer vigilante, já que todos os aliados americanos podem ser alvos do Irã. Mas relembrou o princípio basilar da OTAN: "A aliança responderá a qualquer ataque a um de seus membros", segundo a mídia.

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