Japão quer produzir caças F-35, frente às dificuldades com fabricação nos EUA

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O aliado dos EUA já consegue produzir aeronaves F-35 mais baratas, enquanto o avião americano sofre de persistente falta de peças de reposição, fraca capacidade de reparo e legisladores relutantes em financiar os projetos.

O Japão está procurando relançar a produção nacional de caças F-35 de quinta geração quando antes comprava aviões fabricados nos EUA, informou a mídia local na quarta-feira (11).

A fabricante Mitsubishi Heavy Industries conseguiu reduzir os custos de produção da aeronave no Japão, que devem agora equivaler a 9,37 bilhões de ienes (cerca de R$ 353 milhões), em comparação com os 9,42 bilhões de ienes (R$ 354 milhões) para importar o avião dos EUA.

A diferença não é muito grande, mas Tóquio está agora aproveitando para produzir localmente, inclusive porque o avião tem sofrido constantes problemas na produção e manutenção nos EUA.

Problemas na produção dos F-35

A mídia de notícias militares dos EUA está se voltando cada vez mais para os caças de sexta geração, sinalizando que o jato problemático pode se tornar obsoleto e esquecido. No entanto, os de quinta geração ainda apresentam grandes problemas para resolver.

No início de novembro os militares norte-americanos foram notificados de que na linha de montagem ocorreu uma "mistura" de fixadores de titânio e Inconel, afetando um número indeterminado de aviões, segundo revelou na terça-feira (10) a chefe de aquisições do Pentágono, Ellen Lord.

Nesse mesmo mês, as entregas das aeronaves foram interrompidas por duas semanas depois que o fabricante, a Lockheed Martin, descobriu a confusão com os fixadores.

No entanto, as máquinas afetadas foram consideradas "seguras para voar", de acordo com Lord, sem elaborar se os fixadores seriam substituídos no futuro. Ela disse que estava "totalmente confiante" de que "temos sistemas de qualidade fortes" no programa F-35, e que não há nada com que se preocupar.

Apesar de tudo, há uma escassez crônica de peças de reposição e custos de manutenção altos. Segundo estimativas, durante o ciclo de vida planejado de 60 anos do programa F-35, espera-se que os custos de aquisição atinjam mais de US$ 406 bilhões (R$ 1,66 trilhão), enquanto a manutenção custará mais de US$ 1 trilhão (R$ 4,10 trilhões).

Como resultado, a frota dos F-35 não só não consegue atingir o ambicioso nível de 80% de prontidão de combate, como também fica aquém do limite inferior de 65%, disse Robert F. Behler, diretor de Testes Operacionais e Avaliação (OT&E) do Pentágono, ao Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Representantes no início de novembro.

Quem irá pagar a conta?

Os militares e a Lockheed Martin disputam a propriedade intelectual de um software de simulação dos sistemas de voo do F-35. O software, conhecido como "F-35-in-a-Box", é considerado parte do código para o Ambiente de Simulação Conjunto (Joint Simulation Environment), uma instalação da Marinha dos EUA usada para simular missões de alto nível para treinamento de pilotos.

O Pentágono afirma que o software foi desenvolvido sob um contrato governamental, enquanto a Lockheed Martin insiste que desenvolveu os algoritmos sem financiamento federal. A disputa é mais um obstáculo no contrato de produção do avião.

Durante as audiências de novembro no Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Representantes, John Garamendi, chefe do comitê, indicou que os militares devem corrigir as questões que afetam a aeronave antes de embarcar em planos de produção longos e caros.

"Eu não vejo um contrato de vários anos avançando até que as questões fundamentais que foram feitas até agora, e várias que ainda não foram colocadas sobre a mesa, tenham sido resolvidas", disse Garamendi, do Partido Democrata da Califórnia. "Até agora, os empreiteiros tiveram muito tempo para falhar, enquanto o governo tem estado na posição contrária. Isso vai mudar".

Longevidade... ou longe da realidade?

Se até a definição dos jatos de quinta geração é ampla e as aeronaves de quinta geração têm muitos problemas, ninguém ainda sabe realmente como serão os jatos de sexta geração, estando a sua concepção nas fases iniciais.

Com o ritmo atual, os protótipos de sexta geração não são esperados antes de meados dos anos 2030.

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