Os três países, parceiros no âmbito do BRICS, realizam treinamento conjunto focado na busca e apreensão de embarcações piratas e na manutenção da segurança das rotas marítimas mundiais.
Para a analista do Instituto da África da Academia de Ciências da Rússia, Tatiana Deich, as manobras se inserem no contexto da expansão dos interesses chineses no continente africano:
"A China desenvolve de maneira bastante significativa sua cooperação militar com 22 países da África, participando simultaneamente de diversas operações de manutenção de paz", lembrou Deich.
A África do Sul, por sua vez, não quer restringir a sua cooperação militar a um só parceiro, preferindo absorver tanto da China quanto da Rússia o que há de melhor nessa área.

"A África do Sul também participa ativamente de operações de paz, e por isso [...] necessita realizar exercícios tanto terrestres, como marítimos. Além disso, tal como qualquer outro país africano, ela quer ter uma proteção consistente. Tanto a Rússia, quanto a China sempre forneceram apoio à África, quando solicitados", disse Deich.
O especialista Jiang Yi, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, lembra que se trata do primeiro exercício conjunto com a África do Sul, tanto para a Rússia quanto para a China, o que reflete a importância estratégica da região sul do continente africano para as duas grandes potências.
"Os exercícios refletem a atenção que as duas grandes potências conferem ao sul da África. Essa atenção não está ligada a confrontações nessa região, mas a interesses de um desenvolvimento multivetorial da cooperação com os países africanos", disse Jiang.
Já para Konstantin Sivkov, vice-presidente da Academia Russa de Mísseis e Artilharia, a China tem interesse em fortalecer a sua posição geopolítica no sul africano:
"A China certamente tem interesse em manter sua presença naval na região, em aumentar a sua influência e desenvolver seus negócios. Sem o apoio de estruturas militares, os negócios ficam vulneráveis, podem se perder simplesmente. Existem muitos exemplos disso, tais como os recentes acontecimentos na Líbia", lembrou Sivkov.

Para ele, a China precisa assegurar as suas rotas marítimas comerciais, afastando definitivamente a possibilidade de serem interrompidas por situações de tensão geopolítica:
"Por isso, para a China é importante manter aberta a possibilidade de passagem dos navios, manter vias de comunicação seguras em torno da África, passando ao lado da África do Sul", disse.
O especialista também notou o aspecto geoeconômico, citando as matérias-primas sul-africanas que também estariam nos radares chineses, em especial os diamantes.
"Do ponto de vista geopolítico a África do Sul é extremamente importante, proporcionando o controle de toda a região sul da África", concluiu Sivkov.
Das manobras participam a fragata chinesa Weifang e o cruzador de mísseis russo Marshal Ustinov.

A chinesa Weifang tem um sólido histórico de participação em operações antipirataria no golfo de Áden e nas águas da Somália. Além disso, ela participou da missão de evacuação de cidadãos chineses e estrangeiros do Iêmen em março de 2015.
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