Dia da Marinha em Portugal: de uma época próspera a um futuro desafiador na navegação (FOTOS, VÍDEO)

© Sputnik / Caroline RibeiroDesfile dos marinheiros no Dia da Marinha em Portugal
Desfile dos marinheiros no Dia da Marinha em Portugal  - Sputnik Brasil
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Em 20 de maio de 1498, o navegador português Vasco da Gama aportou em Calicute, abrindo oficialmente a rota para a Índia. Mais de cinco séculos depois, Portugal celebra, na data do feito histórico, o Dia da Marinha e trabalha para modernizar uma das instituições militares mais antigas do mundo.

A história conta que foi em 1º de fevereiro de 1317 que a vocação dos portugueses para o mar foi oficializada. Nesta data, o então rei Dom Dinis outorgou o título de almirante ao navegador Manuel Pessanha. O documento, preservado até hoje no Arquivo Nacional, é considerado a certidão de nascimento da Marinha portuguesa, mas o pioneirismo vem de antes.

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"Portugal sofreu, ao longo da sua história, uma enorme pressão nas suas fronteiras terrestres, obrigando-o a procurar no mar, desde o século XII, as ligações com o exterior. Do mar chegavam os reforços militares dos Cruzados para auxiliar nas conquistas territoriais aos muçulmanos; pelo mar se expediam e recebiam mercadorias; no mar se obtinha parte substancial dos alimentos. O comércio com Flandres e Inglaterra iniciou-se ainda no século XII", conta à Sputnik Brasil o Comandante Rodrigues Pereira, capitão de mar e guerra aposentado que, hoje, se dedica à pesquisa sobre a história da Marinha.

O domínio dos portugueses sobre os oceanos se consolidou na época das chamadas grandes navegações. "Com a expansão marítima dos séculos XV e XVI, Portugal virou-se definitivamente para o mar, criando impérios, sucessivamente, na Índia, no Brasil e na África", explica o pesquisador.

As homenagens oficiais para a marinha começaram na década de 1950. "Nessa época, o ministério da Marinha englobava a marinha de guerra, a marinha de comércio e a marinha de pesca, além das atividades lúdicas. A partir de 1974 a data passou a ser festejada apenas pela marinha militar, face à extinção do ministério da Marinha e a passagem das outras marinhas para diferentes ministérios. Inicialmente a data era escolhida pelo ministro e variava todos os anos. Julgo que terá sido em 1969 que se fixou a data em 8 de Julho, data da partida de Vasco da Gama para a Índia, em 1497. Em 1998, no quinto centenário da chegada de Vasco da Gama a Calicute, a data passou a comemorar-se em 20 de maio, o dia da chegada dos portugueses àquela cidade", conta o comandante Rodrigues Pereira.

Celebração e reaproximação

O Dia da Marinha é celebrado todos os anos com programação oficial em uma cidade da zona costeira de Portugal, mas 2019 marca uma mudança na estratégia. Coimbra, na região central do país, foi a escolhida. As atividades, ao longo de uma semana, culminaram com o desfile dos militares na principal avenida da cidade, à margem do rio Mondego, o mais extenso de Portugal, neste domingo (19).

© Sputnik / Caroline RibeiroBanda da Armada se apresenta em prol do Dia da Marinha portuguesa.
Banda da Armada se apresenta em prol do Dia da Marinha portuguesa  - Sputnik Brasil
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Banda da Armada se apresenta em prol do Dia da Marinha portuguesa.
© Sputnik / Caroline RibeiroDesfile dos marinheiros no Dia da Marinha em Portugal.
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Desfile dos marinheiros no Dia da Marinha em Portugal.
© Sputnik / Caroline RibeiroMinistro da Defesa, João Gomes Cravinho, inspecionando tropas da Marinha portuguesa.
Ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, inspecionando tropas da Marinha portuguesa - Sputnik Brasil
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Ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, inspecionando tropas da Marinha portuguesa.
© Sputnik / Caroline RibeiroChefe do Estado-Maior da Marinha portuguesa António Mendes Calado.
Chefe do Estado-Maior da Marinha portuguesa António Mendes Calado - Sputnik Brasil
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Chefe do Estado-Maior da Marinha portuguesa António Mendes Calado.
© Sputnik / Caroline RibeiroDemonstração da Marinha no rio Mondego.
Demonstração da Marinha no rio Mondego - Sputnik Brasil
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Demonstração da Marinha no rio Mondego.
© Sputnik / Caroline RibeiroDesfile dos marinheiros no Dia da Marinha em Portugal.
Desfile dos marinheiros no Dia da Marinha em Portugal  - Sputnik Brasil
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Desfile dos marinheiros no Dia da Marinha em Portugal.
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Banda da Armada se apresenta em prol do Dia da Marinha portuguesa.
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Ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, inspecionando tropas da Marinha portuguesa.
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Chefe do Estado-Maior da Marinha portuguesa António Mendes Calado.
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Demonstração da Marinha no rio Mondego.
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Desfile dos marinheiros no Dia da Marinha em Portugal.

A decisão não foi por acaso. A Marinha portuguesa vem sofrendo com a baixa adesão ao recrutamento. O serviço militar em Portugal deixou de ser obrigatório há 15 anos. Um estudo do Ministério da Defesa, divulgado em abril deste ano, mostrou que de 2008 a 2018 houve redução de 59% no efetivo da instituição. Ir para o centro do país foi uma forma de chamar atenção de outra parte da população. "Não é um problema exclusivo de Portugal, é algo transversal na Europa. Em termos de recrutamento, estamos a inovar na forma como chegamos às pessoas", afirma à Sputnik Brasil o porta-voz da Marinha, comandante Fernando Pereira.

Focando principalmente nos jovens, a marinha adotou uma postura mais informal para o recrutamento e comunicação externa. Aposta no uso de vídeos, redes sociais, e foca na reestruturação do plano de formação e carreira. "No pacote de formação, trabalhamos para que eles tenham equivalência no mundo civil, para que aqueles que porventura decidem abandonar a carreira militar saibam que têm um futuro no país. Outra forma é que essas pessoas também sejam mais facilmente integradas em organismos de Estado. Também criamos condições para que não se passe tanto tempo embarcado, e só conseguiremos isso recrutando mais, para ter mais pessoas para rodar e dar melhores condições de vida a quem abraça esta profissão", explica o porta-voz.

Modernização

A Marinha vai ser beneficiada com os recursos da nova Lei de Programação Militar, aprovada pelo parlamento português em novembro passado, que totaliza quase cinco bilhões de euros para a modernização das Forças Armadas do país. Ao longo dos próximos 12 anos, a Marinha vai adquirir "mais seis navios-patrulha oceânicos, um navio polivalente logístico. Temos todas as condições para, na próxima década, reforçar a nossa Marinha e reforçar os efetivos, que é o essencial", destacou o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, em entrevista ao final da solenidade em Coimbra.

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Ainda de acordo com o ministro, as atividades de pesquisa científica desenvolvidas pela Marinha também devem continuar recebendo recursos significativos. O Centro Meteorológico e Oceanográfico Naval, inclusive, teve a candidatura submetida para se tornar um Centro de Excelência da Organização do Tratado do Atlântico Norte – a OTAN.  "O projeto de Mapeamento do Mar Português, que se encontra em curso no âmbito do Instituto Hidrográfico, conta já com cerca de 39% do nosso mar territorial e 48% da nossa Zona Económica Exclusiva mapeados, e é um imperativo que a Defesa Nacional continuará a promover", afirmou o ministro João Gomes Cravinho.

Atualmente, a Marinha portuguesa atua como responsável por ações de vigilância e de buscas e salvamentos marítimos em uma área que é "62 vezes o território de Portugal, é quase a Europa. Salvamos mais de 400 vidas por ano e percorremos mais de oito voltas ao mundo por ano", diz o porta-voz da instituição.

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