Por que os exercícios da OTAN na Noruega podem custar caro à Europa?

© Foto / Governo do EUA / Staff Sgt. Steve CushmanFuzileiros navais dos EUA durante treinamentos na Noruega (foto de arquivo)
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Os exercícios da OTAN Trident Juncture 2018 estão sendo realizados na Noruega desde 25 de outubro com a participação de 29 países.

As manobras contam com 50 navios, 250 aeronaves, dez mil veículos de transporte e 50.000 efetivos. A Suécia e a Finlândia apoiam as manobras. 

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Os treinamentos de combate convencionais marítimos, terrestres e aéreos se encerram em 7 de novembro. O teatro geográfico dos exercícios abrange a parte central e oriental da Noruega, as áreas adjacentes do Atlântico Norte, os estreitos dinamarqueses do mar Báltico, mar da Noruega e do Norte, Islândia, o espaço aéreo da Suécia e Finlândia. O almirante norte-americano James Foggo está no comando dos exercícios. 

O roteiro dos exercícios é o seguinte: a pacífica Noruega foi alvo de uma agressão militar por parte de um país fictício do norte, denominado Murinus. O objetivo principal das manobras, segundo a OTAN, é praticar a rápida transferência de forças através do Atlântico e através da Europa, além de trabalhar as ações das unidades da Aliança em climas frios. 

Os exercícios custarão à OTAN um valor substancial: somente para a transferência de equipamento e pessoal foram necessários 180 voos e 60 navios fretados, sem mencionar o custo das munições, combustível e comida. O volume dos contratos celebrados com empresas norueguesas para prestar apoio aos exercícios é estimado em 159 milhões de euros (R$ 673,1 milhões).

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As manobras são completamente abertas, transparentes e defensivas, e Murinus existe apenas no papel – todos os participantes e organizadores da Trident Juncture, incluindo o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, tentam frisar esse aspeto em seus discursos. Para que ninguém tenha dúvidas sobre isso, todos os representantes dos países da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), incluindo a Rússia, foram convidados para acompanhar os exercícios. 

No entanto, Moscou não acredita na inocuidade desses treinamentos. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia classificou as manobras da OTAN como uma provocação antirrussa e enfatizou seu impacto negativo na segurança de todos os países da região. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse na quarta-feira (31) que a atividade militar da OTAN perto das fronteiras russas atingiu um nível sem precedentes. 

"A OTAN não pode combater com mais ninguém nesta região", disse à Sputnik o analista militar Konstantin Sivkov, acrescentando não descartar que, sob o disfarce dos exercícios, a Aliança implante grupos de tropas para invadir a Rússia. 

"A única coisa que os está detendo é o status nuclear do país", frisou.

Mesmo o tablóide Stars and Stripes do Departamento de Defesa dos EUA admitiu que o país Murinus, apesar de fictício, foi claramente desenhado por estrategistas da OTAN com base em um modelo muito real.  

O jornal reportou que "Stoltenberg disse que estava trabalhando em ações contra um 'agressor fictício', no entanto os exercícios Trident Juncture foram projetados para simular o 'inimigo mais próximo' e o único na vizinhança, que é a Rússia."

Ilusão de proteção

"Os EUA e a OTAN agora precisam de mostrar a todo custo que continuam a ser um apoio confiável e uma proteção para toda a Europa", disse o professor da Academia de Ciência Militar, Sergei Sudakov. 

Segundo ele, os norte-americanos estão tentando semear entre os cidadãos europeus o medo de uma grande guerra para que a Europa canalize seu dinheiro para a manutenção da OTAN, incluindo a compra de armas dos EUA e a implantação de novas bases militares. 

"Para os Estados Unidos, este é um sistema comprovado de gerar renda e um mecanismo de escravizar outras nações: assim que desdobram uma base militar no território de outro país, esse perde a soberania", salientou Sudakov.

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