Que quer dizer China com suas manobras navais de grande escala?

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Em 27 de março Pequim iniciou as manobras navais mais imponentes de que se lembram os especialistas. De acordo com as imagens que viraram públicas, se trata de dezenas de navios de guerra navegando em linha paralela, incluindo porta-aviões e submarinos.

A demonstração de força poderia ser um aviso para aqueles que põem em questão sua soberania, afirma um artigo publicado no jornal Financial Times.

As imagens de satélite divulgadas pela Reuters correspondem supostamente à zona do mar do Sul da China perto da ilha de Hainan. Nas fotos, o porta-aviões Liaoning atravessa as águas escoltado por mais de 40 navios em direção ao sul, no que a Marinha chinesa descreveu como parte dos exercícios militares de rotina que se realizam a cada ano.

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O Financial Times cita as declarações de Yue Gang, um coronel aposentado que serviu no Exército de Libertação Nacional da China. Para Gang, essas manobras são a resposta direta aos exercícios do USS Carl Vinson, o porta-aviões norte-americano que esteve nessas mesmas águas em fevereiro. A demonstração de força no sul do país é a forma que escolheu Pequim para manifestar que está cansado das visitas que os navios de guerra americanos, "patrulhas de liberdade de navegação" como costumam dizer os Estados Unidos, realizam na área.

"É claro que se trata da maior operação [militar] na região do mar do Sul da China […] USS Carl Vinson esteve durante muito tempo na região. A China quer mostrar que não tem medo", afirma Gang.

O gigante asiático considera como provocação as conhecidas como "patrulhas de liberdade de navegação" de navios estadunidenses que navegam perigosamente perto das ilhas artificiais chinesas do arquipélago Spratly, também ao sul do país. Em 24 de março, o USS Mustin se aproximou a menos de 19 quilômetros de uma dessas ilhas construídas pela China.

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A opinião de Collin Koh, especialista em segurança do Instituto de Estudos Internacionais S. Rajaratnam de Singapura, coincide com a do Financial Times em que os mais de 40 navios, submarinos e porta-aviões chineses não são um destacamento militar que se veja todos os dias.

"A julgar pelas imagens, parece que a China está ansiosa por demonstrar que as diferentes partes de sua Frota do Mar do Sul são capazes de unir-se em formação de forma rotineira com o grupo de combate do seu porta-aviões", sublinha Koh.

O representante do Ministério da Defesa Chinês, Ren Guoqiang, no entanto, declarou em 29 de março que as manobras são pura rotina e que não se pretende apontar para qualquer país. "O objetivo é melhorar e colocar à prova as capacidades do Exército Popular de Libertação", limitou-se a apontar o porta-voz.

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Suas palavras não foram o bastante para que os especialistas deixassem de opinar que se pode tratar, por exemplo, de demonstrar a determinação com que o gigante asiático encara as aspirações de soberania de Taiwan, já que para se juntar às manobras o porta-aviões Liaoning atravessou o estreito que separa a ilha do resto do território, incomodando assim Taipé.

Seja ou não intencionalmente, a verdade é que o movimento lança uma mensagem poderosa para os Estados Unidos, especialmente depois de terem imposto restrições comerciais à China, diz Gary Li, especialista em capacidades militares chinesas e membro da consultora APCO Worldwide, com sede em Pequim.

"É uma clara mensagem dirigida aos americanos de que a soberania territorial não é negociável quando se trata de assuntos comerciais", resumiu.

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