Dois hectares de inferno
Os militares e engenheiros se deram logo conta que o Grad tinha um grande futuro. Entretanto, ele superava em muito o seu antecessor BM-14. Seu alcance aumentou de 9,8 para 20,4 km e o número de guias — de 16 para 40 unidades.
As caraterísticas impressionantes do Grad eram proporcionadas pela munição reativa M-21OF de 122 mm com a estabilização dupla que foi elaborada por três escritórios ao mesmo tempo.
Novo lançador aumentou não apenas sua capacidade de fogo, mas também a mobilidade. Com o chassi do Ural-375D, o veículo podia se deslocar por rodovia à velocidade de 75 km/h.
Prova de guerra
A oportunidade de testar o Grad em um combate real foi realizada pelas tropas de artilharia em 15 de março de 1969, durante o conflito sino-soviético na ilha de Damansky. O inimigo foi atacado por uma bateria de 12 veículos. Acredita-se que foi precisamente a artilharia que fez com que os chineses fugissem e definiu o resultado da confrontação na época.
Já na Guerra do Afeganistão, os Grad eram encarregados de realizar o trabalho mais árduo.
"O lançador ultrapassava a artilharia convencional por seu alcance e área atingida. Com o Grad, efetuamos a cobertura das aproximações às bases e os locais de concentração de grupos armados. Disparamos também com pontaria direta, e de modo bem eficiente", contou Vladimir Nikolaev, tenente-coronel que serviu no exército na época.
Entretanto, de acordo com o veterano, a guerra do Afeganistão também revelou os lados fracos do veículo BM-21. O problema é que seu motor devorava cerca de 100 litros de gasolina de elevada octanagem em apenas 100 quilômetros. Por isso, durante as missões era muitas vezes necessário fornecer o combustível com helicópteros. Além disso, nas condições do clima quente afegão os motores ficavam frequentemente sobreaquecidos, por isso as colunas se arrastavam por vários quilômetros. Havia também outras desvantagens.
Kalashnikov de artilharia
O Grad acabou por ser procurado não apenas na URSS, pois no início da década de 90 o sistema estava em serviço de mais de 50 países. Um dos episódios mais eficientes de seu uso aconteceu durante a guerra civil em Angola. Em 1975, quatro BM-21 conseguiram travar uma ofensiva maciça da FNLA contra a cidade de Kifangondo. Com duas descargas, as tripulações cubanas conseguiram eliminar mais de 400 militantes, outros 2 mil atacantes acabaram por se dispersar na selva na sequência do ataque.
No total, desde a década de 60, a URSS exportou mais de 2 mil unidades de BM-21 e milhões de munições reativas. Tal produção maciça era garantida pela automatização e baixos custos de fabricação.
O corpo da munição não era torneado, como antigamente, mas estendido de uma chapa de aço. Deste modo, a respectiva etapa de fabrico não necessitava de intervenção humana. Assim, a razão principal do êxito global do Grad, segundo os especialistas, era a ótima relação entre preço e qualidade.
"O sistema Grad, tal como o fuzil Kalashnikov, representa as melhores qualidades das armas russas: simplicidade, eficiência, segurança e preço relativamente baixo. […] Pode ser que os sistemas ocidentais sejam tecnologicamente mais avançados, mas precisam de infraestrutura a uma escala completamente diferente e de outro pessoal. Já o Grad funcionava perfeitamente em qualquer região da África e da Ásia, até um agricultor podia aprender a usá-lo", disse o vice-chefe do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias russo, Konstantin Makienko.O último Grad saiu da fábrica em 1998, sendo substituído pelo lançador múltiplo de foguetes Tornado-G. Apesar das diferenças mínimas no seu aspecto visual, o sistema possui capacidades de combate muito mais amplas.
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