Que objetivo tem a aviação russa sobrevoando a península da Coreia?

© Sputnik / Ramil SidtikovCostas do mar do Japão (mar do Leste), Coreia do Sul
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No pano de fundo das manobras conjuntas de Seul e Washington Ulchi Freedom Guardian, que Pyongyang considera como ensaio para uma intervenção militar, a Rússia mostra "com poucas palavras" seus interesses e capacidades na área da península da Coreia.

Bombardeiros estratégicos russos Tu-95MS em 24 de agosto realizaram voos de rotina sobre o mar do Japão (também conhecido como mar do Leste), o mar Amarelo e o mar da China Oriental, ou seja, contornaram a península da Coreia. Os bombardeiros foram acompanhados por caças Su-35S e aviões-radar A-50, no que foi a maior escolta ultimamente realizada.

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Os voos foram efectuados de acordo com as leis internacionais, os espaços aéreos de outros países não foram violados. No entanto, os aviões russos suscitaram interesse por parte dos militares sul-coreanos e japoneses.

Como considera o analista da Sputnik Aleksandr Khrolenko, a Força Aeroespacial russa avaliou o possível teatro de operações e enviou desta forma uma mensagem aos parceiros norte-americanos, que tentam comandar a situação desequilibrada da região.

Armagedom móvel

As aeronaves da aviação estratégica efetuam regularmente voos sobre águas neutrais, mas não é frequente os Tu-95SM realizarem voos acompanhados por caças e aviões-radar. Tal "escolta" mostra o alto nível de preparação dos sistemas de designação de alvos, das armas de ataque e da cobertura de caças para efetuar missões de importância estratégica.

O avião A-50U está equipado com o sistema de radar Shmel, que pode detectar alvos à distância de 300 a 600 km. A nova versão possui um sistema de comando do radar totalmente digital e um cockpit de conforto aumentado, adaptado para patrulhas do espaço aéreo de longa duração. Além disso, o A-50U se distingue do seu antecessor por sua maior autonomia de voo.

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Os Tu-95MS, por sua vez, são bombardeiros estratégicos capazes de transportar mísseis de cruzeiro de longo alcance tipo ar-ar. A produção em série do avião teve início em 1981 e esta é a modificação mais aperfeiçoada do bombardeiro estratégico Tu-95 da era soviética. O míssil de cruzeiro Kh-55SM (código da OTAN — AS-15В Kent) entrou em serviço em 1987 e pode atingir alvos à distância até 3000 quilômetros. O peso do míssil é de 1500-1700 quilos. Em condições de combate, o bombardeiro pode destruir várias cidades do inimigo não entrando na sua zona de defesa antiaérea.

Falando dos caças Su-35S, vale destacar que estes são capazes de desviar o jato de reação na direção requerida graças à mobilidade da boca do motor. Em outras palavras, o piloto dirige o avião não só com o uso das flaps, mas também por meio dos fortes jatos de reação. Isto permite ao avião mudar sua direção, altitude de voo e posição no ar de maneira rápida e quase sem efeito de inércia.

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Aproveitando sua vantagem em manobrabilidade, o Su-35 pode rapidamente se aproximar da cauda do inimigo e derrubá-lo com um ataque preciso. Ademais, o moderno complexo de bordo de luta radioeletrônica e a alta velocidade da aeronave ajudarão a aumentar a distância e a evitar os mísseis do inimigo.

Como sublinha o autor do artigo, o potencial do grupo aéreo russo sobre os mares do Japão, Amarelo e da China Oriental faz alusão ao "Armagedom móvel" e torna o possível teatro de operações um "livro aberto".

Reação forçada

O mar do Japão (mar do Leste) é um mar interno da Rússia, Coreia do Norte, Coreia do Sul e Japão. As ameaças crescentes dos EUA, país que não faz parte da região, em relação a Pyongyang e as manobras de grande escala suscitam preocupações dos jogadores legítimos da região — a China e a Rússia.

Moscou não pode deixar sem atenção as promessas dos EUA de "pôr em ordem" mais um governo indesejável, que fica muito perto da cidade russa de Vladivostok. De qualquer maneira, a Rússia tem que reagir à ameaça de um possível conflito armado de grande escala perto do seu território.

Contudo, é a Rússia que apela à Coreia do Norte para não reagir às manobras dos EUA e Coreia do Sul. E Pyongyang continua calma, pelo menos aparentemente, e não vai além de fazer declarações sobre a "vingança impiedosa".

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Fotos recentemente publicadas pela agência norte-coreana KCNA com Kim Jong-un e cartazes que supostamente mostram novos mísseis norte-coreanos provocaram preocupações na mídia internacional. No entanto, sublinha Khrolenko, Kim Jong-un é um político de mente sóbria, que usa as armas nucleares como fator de contenção de Washington. Todo o mundo sabe que um ataque preventivo norte-coreano receberá um ataque em resposta por parte dos EUA.

Provavelmente, resume o autor, o problema nuclear da Coreia do Norte apenas pode ser resolvido por meio de negociações com Pyongyang. Mas até hoje os norte-coreanos apenas observaram atitudes hostis da parte dos EUA, tentando estes mobilizar todo o mundo contra a Coreia do Norte.

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