O que acontecerá se EUA e China entrarem em conflito no Pacífico?

© REUTERS / Jason LeeVeículos militares transportam mísseis balísticos de curto alcance DF-15B passando pela Porta de Tianamen durante a parada militar em homenagem aos 70 anos da vitória na Segunda Guerra Mundial, Pequim, China, 3 de setembro de 2015
Veículos militares transportam mísseis balísticos de curto alcance DF-15B passando pela Porta de Tianamen durante a parada militar em homenagem aos 70 anos da vitória na Segunda Guerra Mundial, Pequim, China, 3 de setembro de 2015 - Sputnik Brasil
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Enquanto os Estados Unidos continuam ações provocatórias no Mar da China Meridional, vale a pena perguntar: O que aconteceria em um hipotético confronto militar entre Washington e Pequim? Um novo relatório da organização não-governamental Corporação RAND compara as capacidades dos dois países em 10 campos separados.

O relatório de 430 páginas, elaborado por 14 especialistas em estratégia militar, se concentra estritamente nas capacidades militares. Ignorando as questões políticas, o relatório considera dois cenários hipotéticos — uma campanha nas ilhas Spratly e uma invasão chinesa de Taiwan — para avaliar que parte iria ganhar.

Ataque a base aérea dos EUA

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Enquanto em 1997 os militares chineses tinham poucos mísseis balísticos de curto alcance, esse número subiu acentuadamente agora. Com quase 1.400 mísseis no seu arsenal, Pequim poderia facilmente paralisar a base aérea de Kadena, uma instalação dos EUA na ilha de Okinawa.

"Um ataque desses pode fechar a única base durante várias semanas", diz o relatório, consequentemente, aumentaria drasticamente a distância que a Força Aérea dos Estados Unidos seria obrigada a cobrir. Forçando os militares dos EUA a operar a partir do Alasca, Guam ou Havaí, a China terá mais tempo para reagir às manobras ofensivas.

EUA contra China no espaço aéreo

Pequim tem vindo a melhorar rapidamente na sua Força Aérea, modernizou metade de seus caças. De acordo com a RAND, as capacidades dos dois países no ar são quase comparáveis, com uma ligeira vantagem dos EUA.

Ainda assim, na proteção de Taiwan, em caso de uma hipotética invasão em 2017, "os comandantes americanos seriam incapazes de encontrar uma base adequada para as forças dos EUA a manter a superioridade em uma campanha de sete dias", diz o relatório. 

Embora os EUA possam ganhar vantagem se transformarem essa operação em uma campanha mais longa, a ação também poderia colocar as tropas terrestres e navais em um risco maior.

Penetração dos EUA no espaço aéreo

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Os militares chineses incorporaram m grande número de mísseis terra-ar desde 1997. Pequim possui agora cerca de 200 mísseis deste tipo em seu arsenal, bem como novos sistemas aéreos de deteção. Por isso, os aviões dos EUA teriam dificuldades operando no cenário de Taiwan, dada a sua proximidade ao continente chinês e a essas defesas.

No entanto, no cenário de Spratly, uma aeronave furtiva americana poderia ganhar, dada a distância de 800 milhas do arquipélago a partir do continente chinês.

Ataque americano a bases aéreas

As armas de longo alcance americanas poderiam dar os EUA a capacidade de “desligar” bases aéreas chinesas, tornando-as inoperacionais. Olhando para as 40 bases dentro do alcance de Taiwan, os EUA seriam capazes de fechar pistas de pouso por aproximadamente oito horas. Em 2017, esses encerramentos poderão durar de dois a três dias.

Ainda assim, o relatório reconhece que esta vantagem se baseia em um arsenal de mísseis limitado.

Guerra antissuperfície chinesa

Enquanto Washington dependeria inevitavelmente de porta-aviões se a guerra se desencadeasse no mar do Sul da China, o desenvolvimento de Pequim de mísseis balísticos antinavio poderia representar uma ameaça significativa para as forças navais dos EUA.

Enquanto os porta-aviões podem ser capazes de se defender com sucesso contra qualquer mísseis balísticos antinavio através de contramedidas a bordo, os EUA também têm de lidar com a melhoria da inteligência e da frota de submarinos da China.

Guerra antissuperfície americana

No cenário de Taiwan, a RAND estima que os EUA teriam sucesso em repelir assaltos anfíbios chineses. Capaz de eliminar cerca de 40% da frota anfíbia, a China poderia sofrer "perdas que provavelmente causariam estragos na integridade organizacional de uma força de desembarque."

A China, no entanto, já duplicou as suas capacidades anfíbias desde 1997, e está melhorando rapidamente seu potencial antisubmarino.

Campanha antiespacial americana

Washington tem vindo a melhorar as suas capacidades antiespaciais desde 2002, e possui um sistema que pode neutralizar satélites inimigos. Aviões de intercepção também poderiam ser usados para derrubar satélites de inteligência.

A RAND também recomenda que os EUA criem sistemas de laser de alta energia que poderiam sobrecarregar o programa espacial chinês.

Campanha antiespacial chinesa

O relatório considera como "grave" a ameaça chinesa para os satélites americanos de comunicação, se baseado em uma série de testes de mísseis antisatélite bem sucedidos realizados por Pequim desde 2007.

"Mais preocupante" é a posse pela China de sistemas de interferência de sinais de fabricação russa.

Ciberguerra 

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A RAND estima que a sofisticação do Comando Cibernético dos Estados Unidos e a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos daria uma vantagem em tempo a Washington.

Ambas as partes, no entanto, "enfrentariam surpresas significativas." O relatório também aponta que os EUA dependem muito de redes da Internet não classificadas, que poderiam ser facilmente violadas por hackers inimigos.

Estabilidade nuclear

Enquanto a China tem vindo a melhorar suas forças nucleares desde 1997, não é ainda suficientemente robusta para evitar um ataque de retaliação dos EUA, que têm uma reserva significativa. A RAND dá aos EUA uma vantagem nuclear de 13 para um.

Conclusão

O relatório prevê que o crescente poder militar da China poderia criar uma grande diminuição da influência dos EUA na região do Pacífico. Pequim poderia, hipoteticamente, "alcançar objetivos limitados sem derrotar as forças dos EUA."

Embora ambas as partes pudessem vir a sofrer pesadas perdas, os Estados Unidos não mantêm o mesmo tipo de domínio do Pacífico que o país já teve em tempos.

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