Como civilização maia conseguiu sobreviver 2 vezes ao fim do mundo?

© AP Photo / Johan OrdonezTemplo maia, Jaguar Grande, localizado em Tikal, a 560 quilômetros a norte da Cidade de Guatemala, 20 de dezembro de 2012
Templo maia, Jaguar Grande, localizado em Tikal, a 560 quilômetros a norte da Cidade de Guatemala, 20 de dezembro de 2012 - Sputnik Brasil
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Escavações realizadas na antiga cidade de Seibal, na Guatemala, possibilitaram que pesquisadores esclarecessem um dos maiores mistérios do mundo: o que causou a extinção da civilização maia?

Revelou-se que não somente alterações bruscas das condições climáticas resultaram no desaparecimento dessa civilização, mas também conflitos militares entre cidades-estados, diz artigo publicado pela revista PNAS.

"Desvendamos que ambos os casos de desaparecimento das civilizações maia nos períodos clássico e antigo ocorreram de maneira parecida. Elas não despareceram de uma vez, e sim gradativamente. No início, os problemas eram pequenos e ligados a disputas e instabilidade política, depois aconteceu o colapso total, quando as grandes povoações maias foram abandonadas. Foram povoadas novamente e, em seguida, desapareceram outra vez", diz Takeshi Inomata, pesquisador da Universidade do Arizona (EUA).

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Depois de muitos milênios de existência, a civilização maia deixou numerosas "cidades mortas" e monumentos culturais na península de Iucatã, após seu desaparecimento no século IX a.C., quando a maioria das cidades foi abandonada pelos maias. As causas do desaparecimento dessa civilização até hoje continuam sendo alvo de debates entre pesquisadores.

Uma das razões principais da extinção dessa civilização, segundo alguns cientistas, poderia estar ligada às secas causadas pelas mudanças climáticas e ao superpovoamento das cidades maias. Uma descoberta curiosa foi feita em Tikal. Nessa cidade maia, os arqueólogos encontraram um complexo de reservatórios e canais, reforçando a preocupação da população quanto à falta de água.

Inomata e outros arqueólogos encontraram mais uma razão do desaparecimento dos maias ao investigar as escavações em Seibal — a maior cidade maia na América Central.

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Segundo os pesquisadores, as escavações recentes em Seibal mostram que a civilização maia sobreviveu não a um, mas a dois colapsos, tendo o segundo acontecido entre 600 a 700 anos depois da primeira extinção total desta civilização indígena. A descoberta dos dois "fins do mundo" impulsionou a comparação das duas extinções, tentando encontrar semelhanças entre elas.

Para responder a essa questão, os cientistas tentaram reconstruir a mudança do tamanho populacional de Seibal antes dos dois episódios de extinção da civilização através do calculo de edifícios na cidade em vários anos da sua existência. Para realizá-lo, os arqueólogos usaram tecnologias de ponta de datação por radiocarbono capazes de definir datas com exatidão em margem de anos.

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Os arqueólogos realizaram 154 análises para recebimento do quadro completo das mudanças da cidade nas décadas que antecederam os colapsos. De acordo com as pesquisas, a cidade deixou de ser o centro da civilização não da forma como é explicada pelos historiadores.

Seibal e outras cidades dos maias extinguiram-se por etapas. De acordo com o método de radiação radiométrica, cerca de 300 anos antes do primeiro desaparecimento de Seibal, a cidade entrou em fase de instabilidade política, acompanhada por uma série de conflitos militares, ataques contra ela e reduções bruscas da população.  

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Os períodos de declínio foram longos e se alternavam com etapas de reestabelecimento da cidade. No entanto, aproximadamente no ano de 300 d.C. Seibal foi quase que completamente abandonada, desaparecendo totalmente em 500 d.C. Depois de um século, aproximadamente, a cidade ganhou vida novamente, enfrentando uma grande crise depois de 135 anos do seu reestabelecimento. Pesquisadores acreditam que as dificuldades possam estar ligadas à perda da guerra para outras cidades. Com muitas idas e vindas, muitas guerras contra cidades vizinhas, a cidade de Seibal desapareceu completamente no ano de 930 d.C.

Todos esses períodos de reestabelecimento e declínio, segundo os arqueólogos, estão antes de tudo ligados à política. Entretanto, existe a possibilidade das secas terem desempenhado um papel crucial, pois forçaram os maias a "ampliar seu espaço habitual" em busca de água e solo útil para agricultura.

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