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Cineastas russos buscam maior aproximação com o cinema brasileiro

© Sputnik3ª Semana de Filmes Russos no Rio de Janeiro
3ª Semana de Filmes Russos no Rio de Janeiro - Sputnik Brasil
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O Rio de Janeiro está sediando entre os dias 2 e 8 de dezembro a 3ª Semana de Filmes Russos. Para prestigiar o evento, a cidade recebe uma delegação de cineastas da Rússia, que, além de promover o cinema de seu país, estão em busca de uma maior aproximação com realizadores brasileiros.

Entrevistados pela Sputnik, os membros da delegação russa contaram um pouco mais sobre os filmes apresentados no festival, a atual situação do cinema russo e as perspectivas da indústria cinematográfica da Rússia.

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Nas palavras do produtor do evento, secretário da União Russa de Cinematografistas, Sergey Novozhilov, "o Ano do Cinema Russo foi muito importante para todos os cineastas da Rússia, por ter sido um ano repleto de acontecimentos, tanto na área de produção cinematográfica, como na de organização de festivais, e permitiu, de alguma forma, popularizar mais o nosso cinema".

Segundo ele, nesses três anos, observaram-se algumas tendências positivas no cinema russo, com o lançamento de cerca de 125 títulos em 2016, com alguns destaques para obras bastante interessantes, tanto para o público geral, como para o mais especializado.

"Apesar da difícil situação econômica, não houve uma diminuição no volume de produções e festivais em nosso país, o que já pode ser considerado como um ponto muito positivo" – destaca.

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O evento no Rio também recebeu elogios de Aleksandr Barshak, diretor da aventura histórica "Senhor do Tempo", que relata uma tentativa de alterar os rumos da história da Rússia através de uma viagem no tempo à época do czar russo Ivan, O Terrível.

"Fiquei surpreso por ter sido abordado após a sessão por um grupo de pessoas interessantes, com quem tive uma conversa bastante complexa sobre os temas históricos e artísticos abordados no filme. (…) Estou muito contente com a mostra e me identifiquei bastante com a atmosfera cultural que encontrei por aqui. Foi uma experiência incrível" – revelou em entrevista à Sputnik.

Perguntado sobre a entrada do cinema brasileiro na Rússia, Barshak não hesitou em citar o filme "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, que, na sua opinião, deve ter sido visto por todo e qualquer cineasta de respeito da Rússia, e que apresenta com grande maestria uma realidade única e muito peculiar do Rio.

Também participou da entrevista o ator Maksim Kolosov, que interpreta um dos principais papéis no filme "Lirismos", realizado no formato de pequenas histórias distintas, e que traz um elenco de grandes nomes do novo cinema russo. Em sua terceira vinda ao Rio para a Semana de Filmes Russos, Kolosov destacou a boa recepção do público brasileiro aos filmes do festival.

O ator Kirill Varaksa, protagonista de "Sobre o que os franceses não falam", comentou as frequentes comparações feitas ao seu filme com relação a algumas obras mais recentes de Woody Allen, pelo grande charme e belas imagens com que retrata a cidade de São Petersburgo.

"Mas nós não buscamos Woody Allen. Pelo contrário, tentamos retornar ao nosso cinema soviético. Tentamos não seguir a linha de Hollywood, ou do cinema europeu, mas realizar esse regresso e fazer um filme de bem, sobre pessoas simples. (…) Nosso filme é uma lenda sobre o porquê Napoleão invadiu a Rússia em 1812" – explicou o ator.

Já o cineasta Vladimir Shchegolkov, diretor do filme "Das 5 às 7", que em 2015 venceu o grande prêmio do festival Outono de Amur, na Rússia, abordou o recorrente tema da imposição de blockbusters americanos sobre produções locais, no sentido de como o crescente caráter de entretenimento, ação e efeitos especiais tem cada vez mais forçado diretores autorais a assumir escolhas para competir pelo público nas salas de cinema.

"O maior problema, é que ao fazermos cinema nacional estamos competindo com blockbusters de grande orçamento, levando em conta que o espectador se acostumou ao cinema de entretenimento. Uma ida ao cinema, hoje em dia, é comparável à uma visita ao parque de diversões. As pessoas não vão até lá para pensar, mas para se divertir, e é preciso aumentar cada vez mais a dose de adrenalina. A dramaturgia parece estar migrando para a internet, para o formato de séries".

Por outro lado, ele destacou que também vem sendo observada a tendência de uma certa militância do próprio público pelo cinema nacional, ou até regional, como acontece hoje na região russa de Yakutsk ou em Uganda.

"É muito encorajador isso o que no nosso país é conhecido como o fenômeno do cinema de Yakutsk. O público regional está começando a torcer pelo seu cinema local. As tecnologias têm permitido cada vez mais, mediante vontade, realizar filmes com baixíssimo orçamento, de trabalhar em nome da arte, e não apenas do dinheiro" – destacou o diretor.

Ao fim da entrevista, a delegação russa expressou a grande vontade de novos contatos com realizadores brasileiros e de estreitar cada vez mais os laços entre os cinemas do Brasil e da Rússia, convidando cineastas brasileiros a participar de festivais russos e buscar parcerias de coprodução envolvendo ambos os países.

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