'O exército é a coisa mais patriótica que um Estado tem'

© Sputnik / Aleksei Stolyarov / Acessar o banco de imagensSoldados de um batalhão antitanque voltam ao rio Vyazma, em 1943
Soldados de um batalhão antitanque voltam ao rio Vyazma, em 1943 - Sputnik Brasil
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No outono de 2015, uma startup russa lançava o projeto de produzir roupa usando modelos do Exército soviético como base. Seis meses depois, os primeiros exemplares já estão à venda.

Na linguagem profissional dos designers russos (que tem uma influência bastante significativa do inglês), este estilo se chama heritage – a palavra pode ser traduzida como “patrimônio histórico”. Neste caso, se trata do patrimônio soviético, mais precisamente do uniforme militar do Exército soviético.

“O Exército é a coisa mais patriótica que um Estado tem. A base da nossa marca é uma nova abordagem do conceito de uniforme militar, portanto, o patriotismo já fica inscrito no DNA da marca”, afirma Yakov Teplitsky, um dos criadores da marca OLOVO. O outro é Aleksandr Malanin, ele serviu no Exército russo e é um especialista em disciplina militar.

Sem discordar da existência de uma onda de patriotismo que existe atualmente na sociedade russa, ele explica:

“Este patriotismo que nós usamos como referência não foi criado no ano passado, ele vem de há muitas gerações, é a história do país, é o patrimônio nacional. É nesta plataforma que construímos a nossa marca, baseando-a nos componentes estético e funcional, acrescentando a abordagem criativa e a atenção ao detalhe”.

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Sobre o quesito estética, ele apela à experiência dos produtores soviéticos: “A criação de uniforme na União Soviética estava a cargo de centenas de especialistas em uma série de instituições importantes do setor têxtil. Por isso, cada sutura, cada botão e cada casa tinha o seu lugar exato. É este o patrimônio material com o qual a gente trabalha, usando um objeto do mundo militar para criar roupa confortável, moderna, urbana”.

Vale dizer que patrimônio é um tema frequente na realidade russa. A época soviética, sendo a mais recente, ocupa uma grande parte das startups, mas tem também projetos que exploram o conceito mais “histórico” e até “folclórico” como a vida camponesa de finais do século XIX.

Nesta etapa inicial, os produtores estão criando roupa por encomenda. Segundo o representante da marca, isso lhes permite não depender da geografia. Os gerentes estão pensando abordar os mercados tradicionais, os EUA e a Europa (o representante citou precisamente Nova York e Berlim), mas “se tivermos os dados sobre o volume do peito e o comprimento dos braços, poderemos escolher um tamanho e enviar o produto final a Buenos Aires, Santiago ou Quito”.

“Primavera russa”

“Se você quiser chamar tudo isso com uma palavra só, esta palavra será “primavera””, diz o representante da OLOVO quando perguntado sobre o porquê do seu otimismo quanto ao mercado russo. Esta “primavera” se explica pela “energia viva” entre os jovens produtores e consumidores, que procuram por algo novo.

E um provérbio russo diz que “o novo é o velho que já foi esquecido”.

Há outro momento destacado pelo gerente da empresa, relacionado com a crise das sanções e as flutuações cambiais do rublo. O recente enfraquecimento do rublo em relação ao dólar e ao euro aumentou os preços e fez a startup optar pelo público de maior renda (a ideia inicial era criar roupa barata para um público geral).

Já as sanções não afetaram o projeto, cujos gerentes afirmam que há grande potencial para os produtores e designers russos no estrangeiro.

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