Evolução adiada: cientistas encontram 62 novos genes em peixe antes considerado 'fóssil vivo'

CC BY 4.0 / Bruce Henderson / Latimeria chalumnae
Latimeria chalumnae - Sputnik Brasil, 1920, 10.02.2021
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Estudos genéticos detalhados permitiram encontrar 62 genes relativamente novos em espécie de peixe antigo que tem vivido até hoje, enquanto anteriormente se acreditava que este seria "um fóssil vivo" que não mudou nos 400 milhões de anos de sua existência.

Os cientistas revelaram que o peixe adquiriu novos genes durante os últimos dez milhões de anos em resultado de evolução e publicaram os resultados da pesquisa na revista Molecular Biology and Evolution.

Pela primeira vez, um exemplar da espécie Latimeria chalumnae foi apanhado em 1938 perto das costas da África do Sul. Os cientistas ficaram espantados pelo fato de a anatomia deste peixe exótico coincidir completamente com os fósseis desses peixes, considerados extintos 65 milhões de anos atrás.

Em novo estudo, especialistas canadenses da Universidade de Toronto (Canadá) descobriram que, apesar de o corpo de Latimeria não ter mudado, o genoma de um dos mais antigos e misteriosos organismos na Terra continuou evoluindo. Os resultados do sequenciamento de DNA demostraram que, nos últimos dez milhões de anos, o genoma de Latimeria adquiriu dezenas de novos genes.

CC BY-SA 3.0 / Citron / Latimeria chalumnae
Evolução adiada: cientistas encontram 62 novos genes em peixe antes considerado 'fóssil vivo' - Sputnik Brasil, 1920, 10.02.2021
Latimeria chalumnae
Os autores acreditam que estes passaram ao peixe antigo de outras espécies através da chamada transferência horizontal de genes. A posição na sequência permite assumir que os novos genes se originaram de transposons, conhecidos também como "genes egoístas". Estes são elementos parasitas do DNA, cujo único objetivo é se replicar através de transferências entre espécies.

Mas, se a sequência alterada der ao hospedeiro ao menos uma pequena vantagem seletiva, o gene pode continuar sua vida como gene permanente do dono.

"Nós não sabemos qual função desempenham estes 62 genes, mas muitos deles codificam proteínas ligantes a DNA e, possivelmente, desempenham um papel na regulação dos genes, cujas mutações mesmo insignificantes têm importância na evolução", explicou o autor principal do estudo e professor de genética molecular da Universidade de Toronto, Tim Hughes.

Os cientistas conhecem muitos exemplos de transferência horizontal de genes dos transposons, mas este processo em Latimeria surpreende por sua escala.

"Latimeria tem uma reputação imerecida de fóssil vivo, uma vez que tem um número realmente grande de genes transposons. O celacanto [outro nome do peixe], possivelmente, teria evoluído um pouco mais lentamente que os vertebrados, mas ele certamente não é um fóssil", concluiu outro autor do estudo, o pós-graduado Isaac Yellan.
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