Cientistas do Instituto de Biologia de Sistemas Integrativos (I2SysBio), um centro conjunto da Universidade de Valência e do Centro Nacional de Pesquisa da Espanha (CSIC), descobriram um vírus com propriedades benéficas para hospedeiros, relata o portal AlphaGalileo.
No caso, foi estudada a Arabidopsis thaliana, uma planta com flor, que após ser infectada com o vírus do mosaico de nabo (TuMV, na sigla em inglês) durante um período de seca, alterou seu relógio circadiano reduzindo em 25% sua probabilidade de perder água.
"Em condições normais, o vírus mostra sua visão clássica como um patógeno ao matar plantas regadas", explica o virologista Santiago Elena Fito, presidente do I2SysBio, sobre o estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America.
"No entanto, as plantas infectadas que foram submetidas a condições de estresse devido à seca permaneceram vivas."

A equipe de pesquisadores usou variantes do TuMV que evoluíram tanto em condições de seca como chuva, e descobriu que as versões acostumadas à seca não tinham um efeito substancial na Arabidopsis thaliana, mesmo que fosse bem regada, o que indica que o vírus causava de alguma forma mudanças na transcrição dos genes de seus hospedeiros para ajudá-los a sobreviver melhor.
Segundo os autores do estudo, esta é a primeira vez que é comprovado que as condições ambientais podem alterar a natureza de uma relação entre hospedeiro e vírus.
"Foi observado antes que um vírus pode conferir tolerância à seca a seu hospedeiro, mas segundo o nosso conhecimento, esta é a primeira vez que foi explorada a forma como as tensões abióticas moldam a evolução de uma interação hospedeiro-vírus", escrevem.
Ao mesmo tempo, os vírus habituados à chuva continuaram a provocar infecção.
Efeitos benéficos foram observados previamente em um estudo de 2008, no qual foi observado que vários vírus de mosaico pareciam melhorar a tolerância das plantas ao estresse ambiental, aumentando a proteção de seus antioxidantes e da água. Além disso, uma pesquisa de 2013, mostrou que juntos, a seca e o calor, poderiam mudar as vias de sinalização do TuMV, embora neste caso tenha sido teorizado que reduziu, e não aumentou, a resposta da planta ao calor.
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