A enzima conversora da angiotensina 2 (ECA2) tem expressão na maioria dos tecidos. Ela desempenha um papel importante na função cardiovascular, ativa a hormona que regula a pressão sanguínea e também participa da transportação de aminoácidos no intestino. Porém, durante a infecção por coronavírus esta enzima torna-se perigosa porque o vírus SARS-CoV-2 liga-se com ECA2 e utiliza-a para contaminação das células.
Pesquisadores do Centro Médico Cedars-Sinai (Los Angeles) e de uma série dos outros centros médicos dos EUA realizaram uma pesquisa conjunta do comportamento de ECA2 em dois tipos da doença inflamatória intestinal (DII) – doença de Crohn e colite ulcerosa – para descobrir como a terapia medicamentosa contra doenças do intestino, visando a ECA2, atua sobre o novo coronavírus. Ambas estas doenças têm sintomas frequentemente característicos da COVID-19: inflamação do trato digestivo, diarreia, espasmos e perda de apetite. Resultados da pesquisa foram publicados na revista Gastroenterology.
"Escolhemos estas doenças porque COVID-19, conhecida por atacar os pulmões, também causa com frequência sintomas gastrointestinais", anuncia o chefe da pesquisa, professor Dermot McGovern, citado pelo comunicado do Centro Médico Cedars-Sinai. "Era muito importante para nós entender como a COVID-19 podia influenciar pacientes com doenças intestinais que tomassem medicamentos anti-inflamatórios. Além disso, surgem cada vez mais evidências de que o trato gastrointestinal pode servir de caminho alternativo ao SARS-CoV-2 para penetração no organismo."
Descobriu-se que durante diferentes DII a enzima ECA2 se comporta de forma diferente. Tendo investigado anotações de quase mil doentes no Centro Cedars-Sinai, Universidade de Washington em Saint Louis e muitos outros centros em toda a América do Norte, os cientistas detectaram que durante a doença de Crohn os níveis da ECA2 descem no intestino delgado, enquanto durante a colite ulcerosa aumentam no intestino grosso. Mas em ambos os casos, tratando os pacientes com medicamentos anti-inflamatórios, como o Infliximabe, estes níveis conseguem-se normalizar.
"Vimos que o efeito da ECA2 depende tanto da localização exata no trato gastrointestinal, como da doença específica. Esta enzima é como uma faca de dois gumes", diz McGovern.
Autores referem o efeito paradoxal e contraditório da enzima ECA2 durante DII e COVID-19: por um lado, pessoas com uma expressão mais alta da ECA2 têm risco aumentado de infecção por SARS-CoV-2, por outro lado, a mesma enzima, produzida em grandes quantidades no intestino, ajuda-as a recuperar das consequências da doença com mais sucesso.
"Esta enzima, provavelmente, possui funções anti-inflamatórias e antifibrosas, que vão ajudar alguns pacientes com COVID-19", adiciona o cientista.
Os autores pensam que, de qualquer forma, faz todo o sentido prescrever aos pacientes com sintomas intestinais da COVID-19 medicamentos anti-inflamatórios habitualmente usados nas doenças intestinais.
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