Cientistas descobrem tecido no olho humano que parece ser resistente ao novo coronavírus

© Folhapress / Cecilia FabianoProfissionais da saúde atendem paciente infectado pela segunda onda da COVID-19 no Hospital San Filippo Neri, em Roma, na Itália
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Novas evidências sugerem que pelo menos parte do olho pode de fato ser resistente ao SARS-CoV-2, mesmo quando é suscetível a outros tipos de vírus.

Pesquisadores da Universidade de Washington, EUA, descobriram que a córnea, a cúpula transparente na frente do olho, que cobre a íris e a pupila, pode resistir à infecção pelo novo coronavírus. Os resultados foram publicados na revista científica Cell Reports na terça-feira (3).

Todavia, os cientistas são cautelosos, enfatizando que os resultados são apenas preliminares. "Nossas descobertas não provam que todas as córneas são resistentes […] Mas cada córnea de doador que testamos era resistente ao novo coronavírus. Ainda é possível que um subconjunto de pessoas possa ter córneas que suportam o crescimento do vírus, mas nenhuma das córneas que estudamos suportou o crescimento de SARS-CoV-2", afirmou Jonathan J. Miner, principal autor do estudo, citado pelo portal Science Alert.

Em experimentos com tecido da córnea de 25 doadores humanos e com córneas de camundongos, os pesquisadores expuseram o tecido ocular a três vírus separados: SARS-CoV-2, vírus da zika e vírus herpes simplex 1, que produz herpes labial.

O vírus herpes simplex 1 pode infectar a córnea e espalhar-se para outras partes do corpo em pacientes com sistema imunológico comprometido, e o vírus da zika foi encontrado em lágrimas e em tecido da córnea, mas o SARS-CoV-2, que causa a COVID-19, não se replicou.

"Sabe-se que a córnea […] tem receptores para o novo coronavírus, mas em nossos estudos, descobrimos que o vírus não se replica na córnea […] Nossos dados sugerem que o novo coronavírus não parece ser capaz de penetrar na córnea", comenta Rajendra S. Apte, coautor do trabalho.

Miner, ainda assim, reforça que é muito cedo para descartar a importância da proteção ocular. Ou seja, profissionais de saúde ainda não deveriam descartar seus óculos de proteção e ninguém deve presumir que o novo coronavírus não pode entrar no corpo através dos olhos, apesar da aparente resistência da córnea.

"É importante respeitar o que esse vírus é capaz e tomar as devidas precauções […] Podemos aprender que coberturas para os olhos não são necessárias para proteger contra infecções na comunidade em geral, mas nossos estudos são apenas o começo. Precisamos de estudos clínicos maiores para nos ajudar a entender melhor todas as rotas potenciais de transmissão da SARS-CoV-2, incluindo o olho", concluiu Miner.

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