Coronavírus é perigo ainda maior para o cérebro do que se pensava, dizem pesquisadores brasileiros

© AP Photo / Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA, Laboratórios Rocky MountainVista microscópica do SARS-CoV-2
Vista microscópica do SARS-CoV-2 - Sputnik Brasil
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O estudo encontrou outra forma do novo coronavírus entrar no cérebro humano, que pode infectar uma nova região do cérebro, e diz poder contribuir para doenças degenerativas.

O novo coronavírus afeta não só pacientes em estado grave ou moderado, como também pessoas que têm casos leves e ainda não precisam de tratamento hospitalar, segundo uma pesquisa publicada no jornal de pré-impressão medRxiv.

De acordo com o estudo realizado por pesquisadores brasileiros, que coletaram 26 amostras em autópsias minimamente invasivas em pacientes que morreram da doença, o SARS-CoV-2 infecta a estrutura do córtex e os astrócitos, regiões do cérebro ricas "em neurônios e responsáveis por funções complexas como memória, atenção, consciência e linguagem", e no sistema nervoso central, indica o estudo.

Estudos anteriores já demonstraram que o novo coronavírus entra no cérebro e o ataca, mas não descobriram uma propagação nos astrócitos.

O mecanismo de ataque do coronavírus consiste em atacar uma espécie de célula responsável pelos processos metabólicos, impedindo a produção de energia e a nutrição dos neurônios, levando, assim, à morte do tecido cerebral. Além disso, o patógeno usa o nariz para entrar no cérebro.

Apesar de muitos casos da COVID-19 registrarem cérebros com espessura menor que os não afetados pela doença, outros verificaram um aumento de tamanho, onde foram observadas atrofias, e em quais também foi indicado algum grau de edema.

Mais complicações

Outro problema é a possibilidade de o novo coronavírus estar ativando doenças genéticas como esquizofrenia, Parkinson e Alzheimer, devido a 30% dos infetados revelarem sintomas neurológicos ou psiquiátricos.

"O que nós ainda não sabemos é a gravidade destas lesões, se são passageiras ou se podem ser irreversíveis, por isso vamos acompanhar esses pacientes pelos próximos três anos para saber se o vírus desencadeia doenças degenerativas em quem tem algum potencial genético", explica a pesquisadora Clarissa Lin Yasuda, da Unicamp.

Como resultado, uma pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas relatou que mesmo pacientes curados continuaram sentindo os efeitos do vírus.

"Nós encontramos muitos pacientes que, mesmo já tendo se curado da COVID-19 há cerca de dois meses, continuavam apresentando sintomas neurológicos, como fortes dores de cabeça, sonolência excessiva, alteração da memória, além de perda de olfato e paladar. Em alguns casos raros, até convulsões, e esses pacientes nunca tinham sentido isso antes", conta a pesquisadora Clarissa Lin Yasuda.

A utilidade do estudo, defendem os cientistas, é de destacar a importância de criar medicamentos para evitar que o SARS-CoV-2 entre nos astrócitos e através do nariz.

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