Cadê 'pedaços' da Terra? Estudo põe em xeque hipótese mais aceita da formação da Lua

© Foto / NASA/Christina H KochImagem mostra nascer da Lua sobre a atmosfera terrestre
Imagem mostra nascer da Lua sobre a atmosfera terrestre - Sputnik Brasil
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Por incrível que pareça, a vida na Terra não seria possível sem o seu satélite. A Lua mantém estável o eixo de rotação de nosso planeta, que controla as estações do ano e regula nosso clima.

Há muito que se debate como a Lua foi formada. A hipótese mais corrente sustenta que teria sido formada quando um corpo celeste do tamanho de Marte, Theia, colidiu com a Terra.

Teoria clássica da formação da Lua

Segundo essa teoria, a colisão não foi frontal, mas, sim, de lado, e ocorreu a uma velocidade de 40 mil quilômetros por hora. Parte substancial do núcleo de Theia afundou-se na Terra e o seu material foi incorporado ao núcleo terrestre. O resto de Theia e parte da crosta superficial da Terra – que é pobre em metais – se juntaram no espaço, originando a Lua.

Mas novas pesquisas sugerem que o subsolo da Lua é mais rico em metais do que se pensava anteriormente, fornecendo evidências que poderiam desafiar a teoria clássica da formação da Lua.

Estudo publicado em 1º de julho na revista Earth and Planetary Science Letters lança uma nova luz sobre a composição do pó encontrado no fundo das crateras da Lua.

Liderada por Essam Heggy, cientista da Universidade do Sul da Califórnia (EUA) e da NASA, uma equipe de pesquisadores utilizou um radar polarimétrico para retratar e caracterizar esta fina poeira, concluindo que o subsolo da Lua poderia ser mais rico em metais (óxidos de ferro e titânio) do que até agora os cientistas pensavam.

Ao comparar o conteúdo de metal no fundo das crateras maiores e mais profundas com o das menores e mais rasas, a equipe encontrou maiores concentrações de metal nas crateras mais profundas.

Desafiando a teoria

O que uma mudança na presença de metal registrada no subsolo tem a ver com nosso entendimento da Lua? Como vimos, a hipótese tradicional é que aproximadamente 4,5 bilhões de anos atrás houve uma colisão entre o protoplaneta Theia e a Terra, acreditando a maioria dos cientistas que essa colisão atirou para órbita os resto de Theia e uma grande porção da crosta superior da Terra, que é pobre em metal, formando, assim, a Lua.

© Foto / Pixabay / PoncianoImagem da Lua
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Imagem da Lua

Mas um aspecto contraditório desta teoria da formação do satélite da Terra reside no fato – bem conhecido da ciência – de que a Lua tem uma maior concentração de óxido de ferro do que a Terra.

Esta nova pesquisa estudou em particular uma seção da Lua que não tem sido estudada detalhada, postulando a possível existência de uma concentração ainda maior de metal embaixo da sua superfície.

Assim, dizem os pesquisadores, é possível que a discrepância entre a quantidade de ferro na crosta terrestre e na Lua possa ser ainda maior do que os cientistas pensavam, o que põe em xeque a teoria clássica de que a Lua foi formada como resultado da referida colisão.

Estudo avança hipóteses

O fato do nosso satélite poder ser mais rico em metais do que a Terra desafia a noção de que foram partes do manto e da crosta da Terra colocadas em órbita que originaram a Lua.

Uma maior concentração de depósitos metálicos pode significar que outras hipóteses sobre a formação da Lua terão de ser exploradas.

Pode ser possível que a colisão com Theia tenha sido mais devastadora, com seções muito mais profundas sendo lançadas em órbita, ou que a colisão pudesse ter ocorrido quando a Terra ainda era jovem e coberta por um oceano de magma.

Alternativamente, mais metal poderia sugerir um resfriamento complexo da superfície lunar derretida, como já sugerido por vários cientistas.

De acordo com Heggy, "melhorando nossa compreensão de quanto metal a superfície da Lua realmente tem, os cientistas poderiam restringir as ambiguidades sobre como ela se formou, como ela está evoluindo e como está contribuindo para manter a habitabilidade na Terra".

A equipe planeja continuar realizando observações de radar adicionais de mais crateras para confirmar as descobertas iniciais da investigação publicada.

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