Durante os trabalhos de construção de uma autoestrada em Jezowe, na Polônia, trabalhadores descobriram restos humanos. Chamados ao local, arqueólogos desenterraram um total de 115 corpos de crianças.
Confirmando a descoberta, a Direção Geral de Estradas e Autoestradas da Polônia anunciou que "com base nas observações arqueológicas efetuadas, podemos concluir que cerca de 70-80 por cento de todos os restos mortais são de crianças", noticia o jornal polonês em língua inglesa The First News.
Bizarra descoberta
Quando os arqueólogos olharam atentamente os corpos, ficaram surpresos ao descobrir que algumas das crianças tinham moedas na boca.
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— 4biddenknowledge (@4biddnKnowledge) June 26, 2020
Crianças enterradas com moedas na boca encontradas na Polônia
Katarzyna Oleszek, uma arqueóloga que trabalha no local, afirmou ao jornal que as moedas são "certamente um sinal de suas crenças".
Na mitologia greco-romana, Caronte ou Charon era o barqueiro de Hades, que transportava as almas dos recém-falecidos pelo rio que separava o mundo dos vivos do dos mortos. A moeda usada para pagar o pedágio da balsa era um obol, e deveria ser colocada na boca do defunto. Quem não pagasse vaguearia erraticamente por um século.
No entanto, as moedas encontradas em Jezowe não datam da Grécia ou da Roma Antiga, mas sim dos séculos XVI e XVII.
Segundo Oleszek, apesar de esta ser uma tradição muito antiga, pré-cristã, tem sido cultivada ao longo dos tempos, inclusive durante o papado de Pio IX, no século XIX.
Além das moedas, nenhum outro item foi encontrado nos túmulos. Não havia botões, pregos ou cabos de caixão, o que leva Oleszek a crer que a comunidade era muito pobre.
A área agora está florestada e não há marcadores de sepulturas, apenas subsiste uma pequena capela. Contudo, fontes indicam que "aqui em Jezowe no ano de 1604 havia uma grande igreja paroquial, com jardim, reitoria, escola e um cemitério. Ela provavelmente já existiria em 1590 [data da primeira moeda]", afirmou Oleszek.
Exumação e transladação
Os corpos foram encontrados em terreno arenoso e estavam dispostos em um eixo leste-oeste, de cabeça para oeste. Os túmulos pertenciam provavelmente à seção infantil do cemitério.
Uma cova contém os corpos de quatro crianças. Eles se encontram em formação próxima, lado a lado. A quarta criança, na borda do grupo, é muito mais jovem que as outras.
"A disposição dos esqueletos e o estado de sua preservação mostram que a descoberta era um cemitério da Igreja católica, certamente bem cuidado, pois nenhum túmulo foi danificado. Os habitantes sabiam exatamente onde estavam as sepulturas e tomaram conta delas", afirmou Oleszek.
Os corpos serão exumados e, após serem estudados por antropólogos, serão repassados à igreja paroquial local e enterrados novamente, agora no cemitério local.
A ordem e disposição originais das sepulturas serão preservadas e o grupo de quatro crianças será novamente enterrado junto.