Cidade cristã destruída pelos persas há 1.400 anos encontrada em Israel, revela estudo (FOTOS)

© Foto / Israel Antiquities Authority / Yaakov ShimdovEscavações na cidade de Cesareia, Israel
Escavações na cidade de Cesareia, Israel - Sputnik Brasil
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Os restos daquela que já foi uma próspera cidade cristã, destruída pelas forças persas há cerca de 1.400 anos, foram descobertos no norte de Israel, relatam arqueólogos.

O assentamento rural bizantino de Pi Metzuba, na Galileia Ocidental, parece ter visto seu fim no início do século VII, quando a Pérsia invadiu a região como parte de seu conflito mais amplo com o Império Bizantino.

O ponto alto da escavação

As ruínas foram encontradas durante obras para ampliar a estrada que liga a cidade de Shlomi e o Kibbutz Hanita, ao sul da fronteira de Israel com o Líbano, e originaram de imediato trabalhos arqueológicos de emergência.

O ponto alto da escavação foi a descoberta de um edifício marcado com símbolos cristãos e que abrigava um mosaico de alta qualidade decorado com figuras florais, animais e humanas inspiradas na iconografia pagã.

Segundo informa o jornal israelense Haaretz em sua edição de 17 de junho, para além deste mosaico foram descobertos outros tesouros.

A novidade foi avançada em primeira mão pelos autores das descobertas, os arqueólogos Gilad Cinamon, Yoav Lerer, Gabriela Bijovsky e Rina Talgam. Os pesquisadores publicaram os resultados obtidos na edição de junho de 2020 da revista Atiqot, da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA, na sigla em inglês).

Apesar de escavação ter sido iniciada em 2007, foram necessários vários anos para que os especialistas estudassem e publicassem os achados da cidade bizantina, afirmou ao Haaretz Gilad Cinamon, o arqueólogo da IAA que chefiou a escavação.

O local não é conhecido de fontes bizantinas, mas os pesquisadores acreditam que se trate da cidade de Pi Metzuba, mencionada no Talmude de Jerusalém, o compêndio da lei religiosa judaica compilado nos séculos IV-V na Galileia.

Mosaico cristão e pagão

O mosaico de cinco por cinco metros, apenas parcialmente preservado, retrata motivos florais, figuras animais e humanas e fragmentos de inscrições gregas, que não conseguiram ainda ser decifradas.

Para Cinamon, o mosaico decorou a sala de estar de uma moradia urbana, propriedade de uma família muito rica", acrescentando que se trata de "um achado bastante raro para esta área do período bizantino".

​Arqueólogos desenterram cidade cristã da Galileia saqueada pelos persas no século VII

Os motivos no mosaico sugerem que o espaço foi utilizado para entreter os convidados desta família abastada, relata por sua vez a coautora Rina Talgam.

Dentro de uma borda de folhas de acanto, várias imagens da vida campestre são retratadas: um coelho comendo uvas, um javali, pássaros bicando e uma cena de caça, entre outros.

No centro do mosaico está uma mulher de grinaldas segurando uma cornucópia, romãs e frutas amarelas que pode muito bem ser interpretada como uma personificação da abundância agrícola e da fertilidade e ser uma representação de Tyche, a deusa grega da fortuna, diz Cinamon.

O mosaico foi removido para o museu de arqueologia local no Kibbutz Ein Dor, perto da cidade de Nazaré, onde está atualmente em exposição, relata o Haaretz.

Casa grande com símbolos cristãos na cidade bizantina de Pi Metzuba continha também um mosaico com motivos pagãos, incluindo animais e uma deusa

O Império Bizantino e o Império Persa entraram em guerra entre 602 e 628 d.C., o último de uma série de conflitos entre as duas potências. Os persas conquistaram Jerusalém em 614 com ajuda de alguns aliados judeus que haviam sido perseguidos pelos bizantinos.

Segundo os pesquisadores, existiam cerca de 140 assentamentos cristãos na região durante essa época, incluindo 63 igrejas ou mosteiros. Outros 13 assentamentos tinham uma população mista. Muitos desses assentamentos cristãos da Galileia foram destruídos na invasão persa.

Terra proibida

O Talmude de Jerusalém inclui Pi Metzuba em um rol de "territórios proibidos" da Galileia Ocidental que segundo a lei judaica – Halacha - não eram considerados parte do território judaico.

Contudo, judeu que neles habitasse teria de cumprir todos os mandamentos prescritos para os habitantes da Terra de Israel.

No entanto, e apesar de "por enquanto não termos documentos de fontes cristãs sobre esse assentamento, todas as evidências apontam para uma população quase inteiramente cristã", afirmou Cinamon ao Haaretz.

Apenas uma pequena parte do local foi escavada até agora. A maioria dos edifícios descobertos foram casas pequenas e modestas ligadas por vielas apertadas, com exceção de uma grande e bem construída estrutura no meio da cidade.
Foi dentro desse prédio que os arqueólogos recuperaram o grande mosaico, assim como uma cruz de bronze, que pode ter sido parte de um candelabro, e um dintel de porta decorado com uma cruz.

Além do colorido mosaico, os pesquisadores também encontraram cerâmica, uma cruz de bronze, moedas árabes-bizantinas, um raro peso de bronze do século VI e pedras com cruzes esculpidas nelas.

O Império Bizantino e o Império Persa entraram em guerra entre 602 e 628 d.C., o último de uma série de conflitos entre as duas potências. Os persas conquistaram Jerusalém em 614 com ajuda de alguns aliados judeus que haviam sido perseguidos pelos bizantinos.

Segundo os pesquisadores, existiam cerca de 140 assentamentos cristãos na região durante essa época, incluindo 63 igrejas ou mosteiros. Outros 13 assentamentos tinham uma população mista. Muitos desses assentamentos cristãos da Galileia foram destruídos na invasão persa.

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