Lagartos e marsupiais gigantes: quem dividia Austrália com humanos há 60.000 anos? (FOTO)

© Foto / Pixabay / flok85Outback australiano (imagem referencial)
Outback australiano (imagem referencial) - Sputnik Brasil
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Quando o humano chegou a Queensland (Austrália), encontraram a região habitada por animais gigantescos, incluindo lagartos de seis metros de comprimento e cangurus do dobro da altura de um homem.

Uma equipe de cientistas australianos, liderada por Scott A. Hocknull, tem estudado ossos fossilizados desses animais na última década.

Nova luz

Segundo informa o portal científico Ancient Origins, novas descobertas da equipe lançaram uma nova luz sobre o mistério do que levou estes enormes animais à extinção.

Os primeiros ossos fossilizados foram encontrados pelo povo Barada Barna durante pesquisas de patrimônio cultural em suas terras tradicionais a cerca de 100 km a oeste de Mackay, na Mina South Walker Creek, em Queensland (Austrália).

Para Scott A. Hocknull, "nosso estudo representa um primeiro olhar confiável sobre os gigantes que vaguearam pelos trópicos australianos entre 40.000 e 60.000 anos atrás".

Estes exemplares foram os maiores animais terrestres a viver na Austrália desde a época dos dinossauros. Entender o papel ecológico que eles desempenharam e o impacto ambiental de sua perda continua em apuração.

Quando esta megafauna já vivia em South Walker Creek, chegaram os humanos ao continente e por ele se espalharam.

"Nosso estudo acrescenta novas evidências ao debate em curso sobre a extinção da megafauna, mas ressalta o quanto ainda há a aprender com o registro fóssil", afirmou Hocknull.
© Foto / The Queensland Museum Network Blog / Rochelle LawrenceMaior osso de canguru encontrado em Queensland, Austrália
Lagartos e marsupiais gigantes: quem dividia Austrália com humanos há 60.000 anos? (FOTO) - Sputnik Brasil
Maior osso de canguru encontrado em Queensland, Austrália

Os pesquisadores desenterraram fósseis de quatro locais e procederam a estudos detalhados dos próprios sítios para definir a idade dos fósseis e perceber como era o ambiente no passado.

"Nossas descobertas nos dão uma ideia de como era a megafauna na savana tropical australiana [do norte] durante um período de cerca de 20.000 anos, de 60.000 a 40.000 anos atrás", disse o líder da equipe.

Registros fósseis

Foram encontradas até o momento 13 espécies extintas de megarrépteis e megamamíferos, sendo muitas delas – creem os cientistas – provavelmente novas espécies ou variações do norte de suas contrapartes do sul.

Alguns, como os crocodilos, até aqui pensava-se que já estariam extintos ainda antes da chegada do humano.

Contudo, os cientistas apuraram que eles sobreviveram em pelo menos um lugar de 60.000 a 40.000 anos atrás.

"Imagine o que seria se encontrar com um lagarto-monitor de seis metros em vez do seu parente dragão-de-komodo ou se esbarrar em um enorme crocodilo terrestre em vez de seu 'pequeno' primo aquático atual", observou Hocknull.

Os mamíferos eram igualmente bizarros, incluindo um vombate gigante de dentes incisivos bem como enormes cangurus e wallabies.

Um dos cangurus gigantes – ainda sem nome científico atribuído – é o maior já encontrado. De uma massa estimada em 274 kg, bate o anterior, o canguru Procoptodon goliah.

Contudo, o maior de todos os mamíferos coletados foi o Diprotodonte marsupial de três toneladas, e o mais mortífero – o marsupial predador Thylacoleo.

Com estes gigantes, viviam outras espécies que ainda hoje sobrevivem: a ave emu, o canguru vermelho e o crocodilo-de-água-salgada.

Por que se extinguiram?

Por que estas megafaunas se extinguiram? Classicamente, tem sido argumentado que as extinções se deveram à caça excessiva por humanos, logo após a sua chegada na Austrália.

Mas os cientistas afirmam que sua pesquisa demonstrou que há 40.000 anos, essas espécies ainda viviam, ou seja, os humanos já habitavam a região de 10.000 a 30.000 anos.

O cronograma de seu desaparecimento coincidiu com as constantes mudanças regionais na água disponível e na vegetação, bem como com o aumento da frequência de incêndios florestais. Esta combinação de fatores pode ter sido fatal para as espécies aquáticas e terrestres gigantes.

Além disso, ao longo do Pleistoceno, a Austrália passou por grandes mudanças climáticas e ambientais. Uma grande agitação climática que começou há cerca de 280.000 anos causou o desaparecimento de uma fauna de floresta tropical diversificada, alterando o ecossistema e culminando na perda da megafauna do South Walker Creek há cerca de 40.000 anos.

O registro fóssil nos fornece uma janela para o nosso passado que pode nos ajudar a entender o nosso presente.

"Como mostra nosso estudo, as mudanças ambientais dramáticas têm um grande impacto na sobrevivência das espécies, especialmente aquelas que estão no topo da cadeia alimentar. Será que vamos atender aos avisos do passado ou sofrer as consequências?", indaga Hocknull.

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