Conchas antigas provam que dias eram mais curtos há 70 milhões de anos

© Sputnik / Sergei PyatakovConchas de moluscos na exposição "Animais simples e extraordinários" dedicada ao 110º aniversário do Museu de Darwin em Moscou, Rússia
Conchas de moluscos na exposição Animais simples e extraordinários dedicada ao 110º aniversário do Museu de Darwin em Moscou, Rússia - Sputnik Brasil
Nos siga no
Partindo da concha fóssil de um molusco do Cretáceo (período entre 145 e 66 milhões de anos atrás), cientistas determinaram que há 70 milhões de anos, antes da extinção dos dinossauros, a Terra girava mais rápido que hoje.

Por essa razão, os dias duravam apenas 23 horas e meia em vez das 24 horas atuais, determinou um estudo publicado segunda-feira (9) pelo portal Science Daily, da autoria de pesquisadores da Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica.

Tal foi possível estabelecer por os cientistas terem constatado que um antigo molusco bivalve, de um grupo extinto e conhecido como amêijoas rudistas, adicionava um anel de crescimento por cada dia passado.

Com recurso a lasers e microscópios de alta resolução, os cientistas lograram dessa forma determinar o número de dias em um ano e calcular com mais precisão a duração de um dia à época.

"É como se estivéssemos olhando para um dia de há 70 milhões de anos atrás. É incrível", escreveu Niels de Winter, o geoquímico belga autor principal do novo estudo.

Os dias mais curtos poderiam ter origem na diferença de distância entre a Terra e a Lua à época. Apesar de a translação da Terra nunca mudar, à medida que a Lua se afasta da Terra, o atrito das marés do oceano diminui e a rotação do planeta também, aumentando a duração dos dias com o passar de milhões de anos.

Ambiente há 70 milhões de anos era muito diferente

Análise química da concha indicou que a temperatura dos oceanos atingia 40° C no verão e 30° C no inverno, aproximando-se dos limites fisiológicos para os moluscos, segundo De Winter.

O molusco estudado viveu há 70 milhões de anos no fundo de um mar hoje situado em terras secas das montanhas do Sultanato de Omã, na península Arábica.

Chamado cientificamente de Torreites sanchezi, o molusco bivalve só foi capaz de prosperar devido à temperatura elevada das águas da época.

A concha crescia muito mais rapidamente durante o dia do que à noite, o que indicia ser o molusco fotossimbionte, possuindo associação vital com alguma espécie habitável que se alimentava da luz solar.

"Você tem o ritmo dia-noite da luz sendo gravada na concha."

Antigos construtores de recifes

Os moluscos estudados cresciam em recifes densos, como as ostras modernas, prosperando em água vários graus mais quente que os oceanos modernos, desempenhando no final do Cretáceo o papel que os corais desempenham hoje.

"Especialmente no final do Cretáceo, a maioria dos construtores de recifes em todo o mundo eram estes bivalves, assumindo o papel de construção do ecossistema que os corais executam hoje em dia," escreveu De Winter.

Os Torreites sanchezi desapareceram devido ao mesmo evento que matou os dinossauros há 66 milhões de anos.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала