A maioria dos animais reproduz-se através de um ovo, uma célula formada após fusão de um pronúcleo masculino com um feminino, estando a reprodução muito sujeita aos caprichos do meio ambiente.
O estudo foi publicado nesta segunda-feira (2) na revista Nature e é da autoria de 3 cientistas da Universidade de Melbourne, na Austrália, e de uma pesquisadora da Universidade de Lund, na Suécia.
Nos animais de sangue frio, tais como invertebrados marinhos (incluindo estrelas do mar e corais), peixes, répteis e até insetos, o desenvolvimento embrionário é muito sensível a mudanças na temperatura ambiente.
Um desafio para animais de sangue frio
Assim, em um mundo em aquecimento, muitas espécies de sangue frio enfrentam um novo desafio: lograrem desenvolver-se com sucesso apesar das mudanças climáticas.
Para entender como o aquecimento global poderia afetar o metabolismo dos animais de sangue frio, os cientistas estudaram dados de 71 espécies diferentes, desde crocodilos tropicais até ao krill da Antártica.
Os pesquisadores se deram conta que, com o tempo, as espécies procuram afinar a sua fisiologia de acordo com a temperatura ambiente para minimizar os efeitos negativos sobre o desenvolvimento embrionário.
Qual o clima perfeito para o crescimento embrionário?
O desenvolvimento do embrião está dependente sobretudo de dois fatores: a taxa de metabolismo, relativa à energia consumida, e a taxa de desenvolvimento, ou o tempo que o embrião necessita para se desenvolver plenamente e se tornar um organismo independente.
Os cientistas apuraram que ambos fatores são fortemente influenciados pela temperatura ambiente, que afeta o desenvolvimento dos embriões.
Quando a temperatura é demasiado fria para uma determinada espécie, o desenvolvimento leva muito tempo. Quando está muito quente, o tempo de desenvolvimento diminui enquanto a taxa metabólica continua subindo.
Um desequilíbrio de ambos os lados pode afetar negativamente a resiliência e a capacidade de reposição da espécie.
Qual seria o ponto de equilíbrio?
Os pesquisadores detectaram que temperaturas muito altas ou muito baixas têm elevado impacto no desenvolvimento embrionário das espécies estudadas.
Assim, as mudanças climáticas poderiam impactar mais que o previsto anteriormente, pondo os embriões em risco.
Se pequenos aumentos de temperatura (1–2 °C) não reduzem em muito a sobrevivência embrionária, já variações demasiado acentuadas teriam um efeito demasiado pernicioso.
Nem tudo são más notícias
A pesquisa assinala que nem todas as espécies estão sendo igualmente afetadas pelas mudanças climáticas.
Enquanto espécies aquáticas (peixes e invertebrados) de águas frias e temperadas parecem sofrer menos com o fenômeno, as espécies aquáticas tropicais (incluindo organismos de recifes de coral) já estão sendo prejudicados por suportarem temperaturas que excedem as ideais. E os cientistas temem que a situação possa se agravar.
Em conclusão, os cientistas asseguram que, mais tarde ou mais cedo, todas as espécies serão afetadas pelas mudanças climáticas, colocando-se a questão: com que rapidez as espécies lograrão evoluir para se adaptarem ao novo clima?