Viagem pelas galáxias: um dos elementos básicos de nosso DNA tem origem interestelar

© NASA . ESA/Hubble & NASA/ Judy SchmidtImagem de galáxias tirada pela sonda (imagem referencial)
Imagem de galáxias tirada pela sonda (imagem referencial) - Sputnik Brasil
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Fósforo é um elemento presente no DNA e nas membranas celulares. Sem ele, a vida não existiria como a conhecemos e sua origem era até agora desconhecida.

Cometas caídos na Terra poderiam ser os transmissores de um elemento presente no DNA e nas membranas celulares e que é essencial para o desenvolvimento de toda a vida como a conhecemos, como é o caso do fósforo.

Até agora, sua origem no planeta era desconhecida, mas os astrônomos do Observatório Europeu do Sul publicaram na quarta-feira (15) um estudo que revela que o fósforo tem uma origem interestelar e poderia ter sido transportado para a Terra por cometas.

O fósforo é um elemento essencial à vida, mas a origem da sua presença na Terra é um mistério. Astrônomos traçaram o rumo do fósforo desde os berços de estrelas até os cometas, combinando dados oriundos quer do observatório ALMA no Chile quer da Sonda Rosetta da Agência Espacial Europeia.

Continuamos sem saber como surgiu a vida

"A vida surgiu na Terra há uns quase 6 bilhões de anos, mas ainda não conhecemos os processos que a desencadearam", assinalou Víctor Rivilla, pesquisador do Instituto Nacional da Itália para a Astrofísica e autor principal de um recente estudo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Astrônomos, utilizando o ALMA, um telescópio único de design revolucionário, composto inicialmente por 66 antenas de alta precisão, observaram o berço de estrelas massivas AFGL 5142. Ali detectaram que as moléculas contendo fósforo, ou mais especificamente monóxido de fósforo, se formam quando nascem estrelas massivas.

Ao analisarem esse material, os cientistas descobriram que, quando a estrela recém-nascida emite correntes de gás para o espaço, abre cavidades na nuvem ao redor dela. Posteriormente, os choques entre as partículas e a radiação emitida pela estrela fazem com que, nas paredes dessas cavidades, se formem moléculas ricas em fósforo, como o monóxido de fósforo.

Elemento do DNA viaja pelas galáxias

Quando colapsam para formar uma estrela, as moléculas de monóxido de fósforo podem congelar e ficar presas em grãos de pó que orbitam ao redor da nova estrela. Essas partículas se unem formando cometas que viajando pelo espaço interestelar se convertem em transportadoras de monóxido para outros pontos das galáxias, incluindo planetas da Via Láctea, como a Terra.

Uma vez que essas moléculas foram encontradas em regiões formadoras de estrelas, os cientistas decidiram analisar um cometa do Sistema Solar – o 67P/Churyumov-Gerasimenko, confirmando que continha monóxido de fósforo. Tal foi possível usando um espectrômetro chamado ROSINA da sonda Rosetta que desde há dois anos orbita o referido cometa recolhendo dados de íons e nêutrons.

Segundo os astrônomos, a detecção inédita de monóxido de fósforo em um cometa ajuda a estabelecer uma ligação entre as regiões formadoras de estrelas onde a molécula é criada e o nosso planeta.

"O fósforo é essencial à vida tal como a conhecemos", assegurou Kathrin Altwegg, pesquisadora principal do ROSINA e coautora do estudo.

"Dado que os cometas provavelmente entregaram grandes quantidades de compostos orgânicos à Terra, o monóxido de fósforo encontrado no cometa 67P pode fortalecer essa ligação entre os cometas e a vida na Terra", acrescentou a cientista.

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