Cientistas encontram provas de um dos mais antigos assassinatos na história da humanidade

CC BY 4.0 / Kranioti et al / Right lateral view of the Cioclovina calvaria exhibiting a large depressed fracture (cropped image)Restos mortais fossilizados do homem do Paleolítico conhecido como Cioclovina calvaria
Restos mortais fossilizados do homem do Paleolítico conhecido como Cioclovina calvaria - Sputnik Brasil
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Em uma caverna no território da Romênia moderna, arqueólogos encontraram um crânio com evidências de assassinato por meio de um cacete efetuado cerca de 33 mil anos atrás.

Os resultados da "investigação" foram publicados na revista PLoS One.

"Nossa descoberta mostra que a violência e o assassinato naquele tempo já faziam parte do repertório de comportamento dos primeiros cro-magnons que habitavam naquele período o sul da Europa", nota Katerina Harvati da Universidade de Tubinga (Alemanha).

Nos últimos anos, os antropólogos, paleontólogos e arqueólogos começaram a se interessar sobre quando os nossos antepassados começaram a se matar uns aos outros, entrar em guerras e demonstrar outros traços negativos característicos, inerentes aos humanos modernos.

Tais pesquisas mostram que a guerra e a morte acompanharam a humanidade durante praticamente toda a história de sua existência.

Por exemplo, os cientistas encontraram muitas provas do fato que os homens de Neandertal eram canibais, assim como evidências do primeiro assassinato no planeta, na Serra de Atapuerca, um lugar famoso que contém muitos outros achados arqueológicos importantes que explicam a história da civilização. O crânio de um dos habitantes da caverna de Sima de los Huesos foi quebrado por outro homem quase 430 mil anos atrás.

CC BY 4.0 / Kranioti et al / Cropped imageAnálise de restos mortais fossilizados do homem do Paleolítico Cioclovina calvaria
Cientistas encontram provas de um dos mais antigos assassinatos na história da humanidade - Sputnik Brasil
Análise de restos mortais fossilizados do homem do Paleolítico Cioclovina calvaria

O achado de Katarina Harvati contraria a teoria de Jean-Jacques Rousseau, que afirmava que até ao aparecimento da civilização o homem era o "bom selvagem", não se distinguia dos animais pela sua agressividade e vivia em harmonia com a natureza e as outras pessoas. Assassinatos, guerras e violência, como supunha Rousseau, teriam aparecido depois do surgimento da civilização e da propriedade privada.

Harvati e outros pesquisadores, ao contrário de outros cientistas, que fizeram muitos erros enquanto realizavam escavações e analisavam os achados, provaram por métodos mais modernos da física e medicina que os danos no crânio tinham aparecido pouco antes da morte e que tinham sido eles que a causaram.

O problema é que essa descoberta não prova que o homem foi assassinado por um membro de sua tribo ou por inimigos. Ele também podia ter recebido esses danos sem "ajuda" de outras pessoas – tendo caído de um barranco ou morrido por causa de um desmoronamento da caverna.

Para esclarecer a questão, os cientistas realizaram uma série de experimentos com um modelo de crânio batendo nele com uma cacheira, lançando-o de um ponto elevado ou o submetendo a outras ações que em teoria poderiam perfurar a caixa craniana e matar uma pessoa.

Esses experimentos mostraram que só é possível produzir danos do tipo dos apresentados pelo crânio encontrado batendo nele várias vezes com um cacete ou outro objeto contundente, em particular desde o lado da face.

Um fato interessante é que a primeira pancada provavelmente foi inesperada para o cro-magnon e ele teria tentado fugir da segunda para se salvar, ou já teria começado a cair. Outro fato é que o atacante era canhoto.

Essas descobertas comprovam definitivamente que este habitante da Transilvânia foi assassinado por outra pessoa no decorrer de um conflito, e provam que tanto os homens de Neandertal como os nossos antepassados diretos não eram "bons selvagens" pacíficos.

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