Por que melhores cérebros da China estão deixando EUA e voltando a casa?

© AFP 2023 / Greg BakerSede da empresa de busca chinesa Baidu
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O engenheiro principal que liderava o desenvolvimento da inteligência artificial no Facebook deixou o gigante estadunidense para trabalhar na Alibaba.

Jia Yangqing trabalhará para a academia DAMO (Academy for Discovery, Adventure, Momentum and Outlook), divisão da Alibaba responsável pelo desenvolvimento de alta tecnologia, inclusive a inteligência artificial (IA). Graduado pela Universidade de Tsinghua (uma das mais prestigiosas na China), Jia Yangqing é considerado um dos melhores especialistas em IA no mundo.

Até há pouco tempo, o Vale do Silício nos EUA era um polo de atração para os melhores engenheiros do mundo, inclusive chineses. Segundo o LinkedIn, há cerca de 1,9 milhão de especialistas em tecnologia informática no mundo. Os EUA contam com 850.000 deles, enquanto a China tem apenas 50.000.

Os engenheiros e cientistas chineses buscam educação e emprego nos Estados Unidos, mas, segundo a última tendência, os melhores especialistas em TI estão se mudando para a China. Assim, o cientistas Andrew Ng de origem chinesa passou da Google para a Baidu; Li Kaifu deixou a Google para criar o seu próprio fundo de investimento na China e assim por diante.

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A China está se convertendo em um lugar mais prometedor para os cientistas e engenheiros que o Vale do Silício devido ao fato de quase ter alcançado os EUA no seu desenvolvimento tecnológico, disse à Sputnik China Li Kai, especialista da Universidade de Finanças de Shanxi.

"A economia chinesa está crescendo há quase 40 anos, a produção está aumentando rapidamente e a diferença com os países ocidentais é cada vez menor. Em algumas áreas já estamos caminhando junto com os EUA, por exemplo, na inteligência artificial ou nas redes 5G", explicou o especialista.

Em segundo lugar, a China não sente falta de investimentos, enquanto os EUA estão vivendo perdas de capital, transferência de produção e outros problemas. Algumas tecnologias de vanguarda (por exemplo, automóveis autopropulsados) devem se desenvolver simultaneamente com as indústrias tradicionais, mas nos EUA, no contexto da pós-industrialização, alguns setores tradicionais foram eliminados, segundo Li Kai.

Além disso, a China gasta muito dinheiro para atrair especialistas talentosos, investe em investigação e desenvolvimento, tornando-se muito atrativa para os cientistas estrangeiros. Muitos chineses que estudaram no exterior depois voltam a casa.

Segundo o especialista, a política do governo chinês também contribui para atrair os especialistas. As autoridades entendem que é impossível que o país se torne líder mundial em inteligência artificial até 2030 sem criar incentivos administrativos para atrair talentos de todo o mundo.

Os gigantes tecnológicos, tais como a Alibaba, Baidu ou Tencent, também recebem apoio a nível estatal, o que permite não poupar dinheiro para se expandir no exterior, nem para atrair especialistas das empresas concorrentes estrangeiras. Podem oferecer até um milhão de dólares por ano a um cientista de alto nível para trabalhar na China.

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Estas medidas ajudam a China a dar um salto tecnológico e os EUA começaram a se preocupar por perder o título de líder mundial em progresso tecnológico.

Por outro lado, Washington e Pequim podem cooperar nesse âmbito, já que cada país tem as suas vantagens competitivas, que podem se juntar para o melhor desenvolvimento conjunto, opina o especialista chinês.

"De fato, nas indústrias de alta tecnologia, a China e os EUA podem se complementar e cooperar. Os EUA são fortes em investigação fundamental e a China — na investigação aplicada. Por isso, existe um grande potencial de cooperação entre eles. A China percebe rapidamente onde aplicar melhor a tecnologia e como fazer dinheiro com ela; já os fundos que daí resultam podem ser investidos na investigação fundamental. No entanto, as guerras comerciais e tecnológicas não criam uma atmosfera favorável para a cooperação", assinalou ele.

Embora a administração de Trump esteja pensando em impor restrições às exportações de alta tecnologia da China e peça às empresas europeias para se absterem de cooperar com o gigante asiático na criação de redes 5G, as empresas privadas procuram unir forças para desenvolver estas tecnologias.

Por exemplo, a Baidu tem três laboratórios de investigação nos EUA. Outro gigante chinês da esfera, o Tencent, abriu um centro de investigações de inteligência artificial em Seattle, EUA. A Google está estabelecendo uma empresa similar em Pequim.

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