'200 mil bombas de Hiroshima': o poder do supervulcão que destruiu uma civilização inteira

CC0 / Pixabay / Terra destruída por uma catástrofe, visão artística (imagem referencial)
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Um novo estudo, que contou com análises de anéis de árvores, pode estabelecer quando o supervulcão Santorini entrou em erupção. A nova pesquisa ajudou a resolver contradições prévias entre os métodos de datação arqueológica e radiocarbônica.

A erupção do supervulcão de Santorini, há mais de 3.400 anos, enterrou a colônia minoica na ilha de Tera, localizada no sudeste da Grécia, sob uma camada de cinza e pedra-pomes com mais de 40 metros de espessura. A força de erupção do vulcão é comparável à explosão de 200.000 bombas atômicas iguais à jogada sobre Hiroshima. O vulcão expeliu entre 40 e 80 quilômetros cúbicos de rocha.

A erupção foi tão forte que fraturou a ilha em muitas partes e deu origem ao arquipélago moderno de Santorini. Formou-se um tsunami que atingiu Creta e cobriu outras ilhas com cinzas vulcânicas e pedras. A explosão foi a principal razão para a queda da cultura minoica (a primeira civilização europeia) e deu origem à lenda de Atlântida e do dilúvio.

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Os arqueólogos afirmam que a erupção ocorreu entre os anos de 1570 e 1500 a.C. Suas conclusões estavam sustentadas em artefatos como a cerâmica e pelas crônicas egípcias.

No entanto, os vestígios de cinzas vulcânicas no gelo da Groenlândia, assim como a datação radiocarbônica dos artefatos encontrados na ilha, indicam que o vulcão explodiu muito antes, aproximadamente no ano de 1628 a.C.

Para resolver estas contradições, os autores do estudo, publicado na revista Science Advances, combinaram dois métodos da arqueologia: a análise de radiocarbono e a contagem do número de anéis dentro dos troncos das árvores.

Isto foi possível graças a novos espectrômetros de massas e de árvores únicas — os pinheiros da Califórnia e os carvalhos da Irlanda.

Os cientistas dataram 285 anéis, formados entre os séculos XVIII e XV a.C., com o carbono 14. Ao comparar esses dados com a clássica escala geocronológica, a equipe de Charlotte Pearson, da Universidade do Arizona (EUA), descobriu que a idade dos artefatos da ilha de Santorini foi superestimada.

De fato, a explosão não ocorreu em 1628, mas 30 ou 40 anos depois, entre 1600 e 1580 a.C. Este detalhe não só concilia a visão de arqueólogos, geólogos e físicos, mas também abre a porta para repensar muitas outras disputas, como a relacionada com a data do início do Novo Reino do Egito.

O principal autor do estudo espera que pesquisas futuras ajudem a determinar a data da erupção com uma margem de erro de apenas um ano.

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