Primeiro anfíbio fluorescente do mundo é descoberto na Argentina

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A primeira rã fluorescente do mundo foi encontrada por acidente perto de Santa Fe, cidade argentina. O Hypsiboas Punctatus resplandece verde em luz ultravioleta, entrando, assim, no pequeno grupo de criaturas que brilham.

Abaixo de luzes regulares, a espécie em questão é comum em toda a América Latina e esteticamente atraente — seu exterior é coberto por uma camada de verde com pontos pequenos amarelos e vermelhos. No entanto, quando as luzes desaparecem, dando lugar à radiação ultravioleta (UV), a rã brilha, emitindo azul e verde pulsantes.

​Fluorescência é a capacidade de absorver a luz em curtos comprimentos de onda, reemitindo-a em comprimentos de onda mais longos. Tal fenômeno é incomum em animais terrestres e, antes da última descoberta, não havia casos entre anfíbios.

Cientistas do Museu de Ciências Naturais Bernardino Rivadavia de Buenos Aires descobriram acidentalmente ao estudar a pigmentação das rãs em questão. O grupo, inicialmente, acreditava que as criaturas pudessem exibir fluorescência vermelha por conter um pigmento chamado biliverdin. Tipicamente, o biliverdin é responsável pela mudança de cor dos tecidos e ossos para verde, embora possa emitir um fulgor fluorescente vermelho em alguns insetos.

​Quando a equipe apontou uma lanterna UV para as rãs, elas emitiram um brilho intenso nas cores azul e verde, ao invés de vermelho opaco. Outra pesquisa indica que o brilho é criado por três moléculas fluorescentes (hyloin-L1, hyloin-L2 e hyloin-G1) no tecido linfático da rã, da pele e secreções glandulares — elas contêm uma estrutura de anel e uma cadeia de hidrocarbonetos. Estas moléculas são as únicas entre partículas fluorescentes conhecidas em animais — embora propriedades moleculares semelhantes possam ser encontradas em plantas.

As moléculas fluorescentes recém-descritas emitem uma quantidade enorme de luz, fornecendo 18% de luz visível como a emitida pela lua cheia — o suficiente para que encontrem a rã. Todavia, pouco se sabe sobre o sistema visual da rã ou fotorreceptores, sendo assim, a equipe pretende aprofundar no assunto para determinar se as rãs podem usar sua fluorescência para ver seus ambientes e identificar uns aos outros.

Julian Faivovich, um dos pesquisadores do projeto, pretende pesquisar a fluorescência em outras 250 espécies de rãs que possuem traços semelhantes ao do Hypsiboas Punctatus. Ele espera que a descoberta inspire interesse no fenômeno nos outros pesquisadores.

"Eu realmente espero que outros colegas se interessem por este fenômeno, começando a levar uma lanterna UV para o campo", disse ele.

Já que a fluorescência requer a absorção de luz, tal fenômeno não pode ocorrer em total escuridão, distinguindo-a da bioluminescência, que permite aos organismos emitir luz através de reações químicas internas. Muitas criaturas do oceano são fluorescentes, incluindo corais, peixes, tubarões e tartaruga-de-escamas.

​Em se tratando de criaturas terrestres, fluorescência foi antes detectada em papagaios e alguns escorpiões. Os cientistas ainda estão tentando determinar o propósito exato desta qualidade — embora explicações especulativas incluam atração de companheiros, camuflagem e comunicação.

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