Astrônomos: ‘gêiseres vermelhos’ dos buracos negros matam galáxias

© AFP 2023 / Observatório Europeu Do Sul - M. KornmesserBuraco negro
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As observações de centenas de galáxias mostraram que os processos de formação das estrelas chegam ao fim nas galáxias tranquilas por causa da existência dos assim chamados “gêiseres vermelhos” – fluxos de gases quentes, gerados por um buraco negro supermassivo no centro da galáxia, escreveu a revesta Nature.

“As estrelas nascem a partir de aglomerações de gás, mas, como mostram os estudos das últimas décadas, em muitas galáxias, apesar da presença de ‘material de construção’, não se formam novas estrelas. Isso é comparável com um deserto, cheio de nuvens mas sem chuva. Nós sabíamos que o processo de nascimento de novas estrelas nas galáxias tranquilas é de alguma forma suprimido, mas agora nós pensamos que os ‘gêiseres vermelhos’ são os culpados disso”, afirmou Edmond Cheung da universidade de Tóquio (Japão).

© NASA . NASABuraco negro que está arrastrando a matéria da estrela azul na visão de um artista (imagem referencial)
Buraco negro que está arrastrando a matéria da estrela azul na visão de um artista (imagem referencial) - Sputnik Brasil
Buraco negro que está arrastrando a matéria da estrela azul na visão de um artista (imagem referencial)

No centro da Via Láctea e de quase todas as galáxias existe um buraco negro supermassivo, que, de maneira invisível, “dirige” o processo de circulação de matéria na galáxia. Durante muito tempo, os astrônomos consideravam que a ativação dos buracos negros levava à devastação da galáxia e à suspensão dos processos de formação das estrelas, porque o buraco negro esquenta e emite nuvens de poeira fria e hidrogênio (a partir dos quais se formam as estrelas) para fora da galáxia.

Somente no ano passado os cientistas receberam as primeiras confirmações diretas de que esse processo está realmente acontecendo quando observaram a galáxia F11119 na constelação de Ursa Maior. O que não ficou claro foi como os buracos negros conseguem “abortar” a formação das estrelas e por que razão estes não perdem a força quando ficam sem “alimento”.

​Chung e seus colegas conseguiram responder a essa pergunta, usando o atlas das galáxias próximas SDSS-IV MaNGA, que foi feito e publicado recentemente pelo levantamento astronômico  Sloan Digital Sky Survey (SDSS, na sigla em inglês). Nestes mapas, os cientistas estavam interessados no espetro das nuvens de gás em outras galáxias através do qual eles conseguiram determinar os movimentos destas aglomerações de hidrogênio, bem como o motivo que as faz mover.

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Depois de analisar centenas de galáxias “tranquilas” do SDSS-IV MaNGA, os cientistas descobriram uma semelhança estranha – em todas elas o gás estava girando em torno do seu centro de maneira caótica. Observando uma destas galáxias, chamada de “Akira”, os autores entenderam que o processo estava acontecendo por causa dos assim chamados “gêiseres vermelhos” – fluxos de gases quentes, gerados por um buraco negro supermassivo.

Tais fluxos de gases, segundo os cientistas, podem ser formados perto do buraco negro, mesmo quando este fica “sem alimentação” e não absorve grandes massas de gás e poeira. Segundo Chung, estes fluxos têm o poder suficiente para “misturar” o gás na galáxia, esquentá-lo e torná-lo inútil para a formação de novas estrelas. Isto pode explicar porque hoje cerca de metade das galáxias no universo visível são, de fato, meio mortas, concluem os cientistas.

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