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Embrapa faz trabalho de inteligência estratégica para monitorar uso da terra na Amazônia

ENTREVISTA COM MAURICIO LOPES 2 DE 27-08-15
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Maurício Lopes, presidente da Embrapa, fala com exclusividade para a Sputnik Brasil sobre os trabalhos desenvolvidos pela instituição e o foco voltado para a Região Amazônica.

A Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária está completando 42 anos de existência, destacando-se sempre com projetos no Brasil e no exterior que levam ao desenvolvimento agrário e à sustentabilidade e conservação ambiental no país.

Segundo o presidente da Empresa, o engenheiro-agrônomo e geneticista vegetal Maurício Lopes, a Embrapa sempre teve como foco desenvolver um modelo de agricultura baseado em ciência, voltado para a realidade do mundo tropical no qual o Brasil se insere e preocupado com as questões ambientais e o impacto no meio ambiente.

Das 46 unidades da instituição espalhadas pelo país, Lopes destaca o trabalho de pesquisa de sustentabilidade que acontece na Região Amazônica:

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“A Embrapa trabalha na verdade para todos os biomas do Brasil. Temos unidades em todos os Estados amazônicos e uma preocupação muito grande com a conservação e o manejo dos recursos naturais na Amazônia. Recentemente, temos desenvolvido um trabalho intenso de inteligência territorial estratégica para todas as regiões brasileiras, mas com uma ênfase muito grande na Região Amazônica. Estamos aplicando tecnologias de monitoramento por satélite para acompanhar a dinâmica do uso da terra na Amazônia. Nas áreas amazônicas onde a agricultura é uma atividade importante – como no Pará, em parte do Acre, no norte do Estado de Mato Grosso, a região da Amazônia Legal – nós temos feito um esforço muito grande de disseminação de práticas sustentáveis agrícolas e de agropecuária que respeitem as particularidades e fragilidades deste bioma tão importante para o Brasil e para o mundo.”

Maurício Lopes destaca ainda que ao longo da história da Embrapa um dos projetos mais importantes realizados pela Empresa foi tornar fértil o solo brasileiro:

“A transformação dos solos tropicais, que são naturalmente pobres e muito ácidos, em solos férteis foi uma das grandes contribuições da Embrapa. Há 30 anos nós tivemos o desafio de construir a fertilidade dos nossos solos. Essa é uma grande contribuição da Embrapa, em especial para a expansão da agricultura na região central do Brasil, que é a região da savana brasileira, conhecida como Cerrado do Brasil.”

Outra conquista mencionada pelo presidente da Embrapa foi a tropicalização de sistemas de produção animal e vegetal:

“Grande parte das espécies utilizadas pela agricultura brasileira vieram de outras partes do mundo, muitas delas de climas temperados. Portanto, não eram adaptadas à realidade brasileira, como a soja, que veio da Ásia, de uma região de clima mais frio, muito diferente do clima brasileiro. Hoje a soja é perfeitamente adaptada às várias regiões do Brasil. E temos também uma pecuária com raças animais e pastagens plenamente adaptadas à realidade brasileira.”

A terceira grande vertente de contribuições da Embrapa destacada por Maurício Lopes foi o desenvolvimento de uma grande plataforma de práticas sustentáveis, como o plantio direto realizado com a proteção dos solos.

“Em grande parte dos solos brasileiros não é preciso arar e revolver o solo todo ano. Nós plantamos sob uma proteção de palha, que fica sobre o solo, e isso tem um impacto muito grande na conservação desse recurso natural. Desenvolvemos práticas de fixação biológica de nitrogênio, que elimina a necessidade de aplicar esse fertilizante em sua forma química no solo. São bactérias que são inoculadas na semente e que fixam o nitrogênio do ar. Apenas este ano essa tecnologia economizou para o Brasil cerca de R$ 12 bilhões.”

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Atualmente, a Embrapa está desenvolvendo o que Maurício Lopes considera a próxima grande revolução da agricultura tropical, que são os sistemas integrados:

“A integração de lavoura com pecuária e com floresta. Sistemas mistos. Essa será a próxima revolução, a chamada intensificação sustentável da nossa base de recursos naturais.”

No âmbito internacional, a Embrapa tem um programa de cooperação bem estruturado, como a parceria científica há quase duas décadas com instituições nos Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Coreia do Sul, China e, em breve, no Japão. Tem ainda forte cooperação técnica com países da África e da América Latina, priorizando a transferência de tecnologia e capacitação para que o Brasil possa compartilhar com países no cinturão tropical do globo as tecnologias e os conhecimentos gerados para a agricultura tropical.


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