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Leis 'permissivas' e projetos 'lamentáveis' refletem falta de segurança do país, diz Paulo Storani

© Agência Brasil / Fernando FrazãoOperação policial na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Policiais militares fazem operação na favela da Rocinha após guerra entre quadrilhas rivais de traficantes pelo controle da área.
Operação policial na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Policiais militares fazem operação na favela da Rocinha após guerra entre quadrilhas rivais de traficantes pelo controle da área. - Sputnik Brasil, 1920, 20.06.2021
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O ex-subcomandante do BOPE, Paulo Storani, que inspirou o personagem Capitão Nascimento nos cinemas, comenta falta de segurança no Brasil e o ranking Global Peace Index no qual o país está atrás de Azerbaijão e Belarus.

Segundo o Global Peace Index, a situação de segurança mundial se manteve relativamente estável nos últimos anos. O Brasil, no entanto, sofreu uma queda em sua posição relativa e caiu para a 128ª posição, abaixo de países como o Azerbaijão e a Belarus, que recentemente passaram por graves crises políticas e conflitos internos. A pesquisa mostra que cerca de  83% dos brasileiros estão preocupados com a violência, um índice considerado altíssimo.

O ex-subcomandante do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (BOPE), antropólogo e pesquisador de ciências policiais na Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, Paulo Storani comentou alguns pontos sobre segurança pública em entrevista à Sputnik Brasil. Na visão de Storani, o que faltou ao Brasil ao longo dos anos foi o endurecer da legislação de execução penal.

Ele, que também já foi secretário Municipal de Segurança Pública da Prefeitura de São Gonçalo, região metropolitana do Rio, e uma das inspirações do personagem Capitão Nascimento nos cinemas, disse considerar as aplicação de pena muito brandas em território nacional.

"[Temos uma] legislação muito tolerante, permissiva e condescendente com o crime, quase que estimulando as pessoas a cometerem o crime", aponta ele. 

Para Storani, a pena máxima com os critérios atuais de progressão de pena para o semiaberto, são mal aplicadas e favorecem os altos níveis de criminalidade, citando o caso recente de Lázaro Barbosa, o serial killer de Brasília, que já foi preso várias vezes por homicídio, mas fugia quando ia para o semi-aberto.

"Uma pessoa como esta que matou mais vezes depois de fugir, era pra estar trancafiado", indigna-se o ex-subcomandante.

Storani, que atua e pesquisa na área de segurança pública há 38 anos, acredita que o Brasil tem uma superpopulação carcerária, mas apesar disso apoia a construção de presídios. Ele também discorda que o Brasil prenda demais, alegando que é alta a quantidade de homicídios e crimes impunes no país.

© Folhapress / Pedro LadeiraPátio para banho de sol. Instalações do presídio federal no Complexo da Papuda, que está na fase final da obra e deve ser inaugurado em 2018. O local destina-se a presos de alta periculosidade, e a previsão é um tratamento diferenciado dos dados em presídios comuns. Conta com celas individuais e sistema de segurança reforçado.
Leis 'permissivas' e projetos 'lamentáveis' refletem falta de segurança do país, diz Paulo Storani - Sputnik Brasil, 1920, 20.06.2021
Pátio para banho de sol. Instalações do presídio federal no Complexo da Papuda, que está na fase final da obra e deve ser inaugurado em 2018. O local destina-se a presos de alta periculosidade, e a previsão é um tratamento diferenciado dos dados em presídios comuns. Conta com celas individuais e sistema de segurança reforçado.

Política e rankings internacionais

Para ele, o assunto segurança nunca saiu da pauta de discussão política, mas que nos últimos anos só tem a "lamentar pela qualidade de ideias apresentadas", ao lembrar as propostas do ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, acusado de ter desviado dinheiro público destinado a contratos para o combate à pandemia, eleito em 2018 com projeto de compra de viaturas, aumento de efetivo policial e uso snipers, que para Storani são medidas ineficazes no combate à violência. 

"O brasileiro pensa muito no curto prazo, a gente não investe no médio e longo prazo que é o que vai resolver o problema", explica Storani.

O antropólogo não aposta em medidas de curto prazo para reduzir o medo e a sensação de insegurança contínua da população. O pesquisador reitera uma mudança na legislação como fundamental.

Quanto ao ranking Global Peace Index de 2021, no qual a América do Sul, de maneira geral, pontuou muito mal. Storani afirma que o Brasil deveria usar mais os índices internacionais para entender melhor como aplicar sua políticas de segurança a longo prazo, observando as ações os países bem colocados nos últimos anos.

"Nada pode ser resolvido em seis meses ou no tempo de um mandato. Houve investimento de recursos, mas pouco resultado. A questão é que foram mal aplicados", conclui. 
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