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Líder no ranking de phishing, Brasil tem de ampliar educação digital, diz especialista

© Sputnik / Aleksei Malgavko / Acessar o banco de imagensEm uma parte do ambiente conhecido como deep web redes de comunicação anônima podem ser acessadas com facilidade e acabam sendo usadas para circular conteúdo ilegal
Em uma parte do ambiente conhecido como deep web redes de comunicação anônima podem ser acessadas com facilidade e acabam sendo usadas para circular conteúdo ilegal - Sputnik Brasil, 1920, 05.03.2021
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Ao longo de 2020, o Brasil foi apontado como o país com maior incidência de golpes de phishing na Internet. Para comentar o assunto, a Sputnik Brasil ouviu o engenheiro e professor Luiz Cláudio Schara Magalhães, que defende a educação digital como forma de evitar esse tipo de golpe.

Um levantamento da empresa russa de segurança digital Kasperky mostrou que o Brasil, em 2020, foi o país com o maior número de vítimas de phishing. O termo em inglês se refere a tentativas de roubo de dados pessoais e financeiros na Internet.

Segundo o levantamento, o percentual de brasileiros que clicaram ao menos uma vez em links maliciosos ao longo do ano passado é de 19,9%. Logo depois vêm Portugal, com 19,7%, França, com 17,9%, Tunísia, com 17,6%, Camarões, com 17,3%, e Venezuela, com 16,8%.

O problema de crimes virtuais como o phishing é uma questão difícil de ser resolvida, pois utiliza principalmente da confiança das pessoas. É o que afirma Luiz Cláudio Schara Magalhães, engenheiro, doutor em Computação pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, e professor do Laboratório de Comunicação de Dados da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF).

"O phishing se baseia em uma coisa que é difícil de evitar por meios cibernéticos, que é uma coisa chamada engenharia social. Na verdade, engenharia social, em português, seria como um golpe do vigário, onde você engana a sua vítima de forma que ela divulgue seus dados ou formas de acesso às suas contas", explica o processor Schara em entrevista à Sputnik Brasil.

O pesquisador aponta ainda que esse tipo de golpe não é baseado em uso de tecnologia avançada, como sugere o imaginário popular. Esses golpes tentam seduzir as pessoas com temas que parecem reais. Um dos golpes mais recentes descritos pelo professor envolve, inclusive, o oferecimento da aplicação da vacina contra a COVID-19 através de uma mensagem falsa do Ministério da Saúde pedindo dados pessoais.

"O hacker, na verdade, não fica digitando no computador para tentar descobrir as senhas, e sim ele manda um convite, que parece ser verdadeiro", afirma o pesquisador.

Educação digital como escudo em ambiente 'hostil' da Internet

Para coibir esse tipo de golpe, o pesquisador da UFF defende que a educação digital dos usuários de Internet é a melhor medida, apesar da dificuldade de coibir novas modalidades de golpes. Entre medidas práticas, ele aconselha, por exemplo, a adoção da verificação em dois fatores para o acesso de contas pessoais.

"Isso [impedir esse tipo de crime] é complicado de fazer, porque no golpe do vigário, também chamado de golpe de confiança, o ladrão te convence que é uma pessoa boa", aponta.

Para o professor da UFF, o brasileiro tem maior propensão a cair nesse tipo de golpe por questões culturais. Schara acredita que a cultura interpessoal no Brasil costuma ser de muita confiança e abertura, o que facilita esse tipo de golpe contra o qual há poucas defesas.

© Sputnik / Vladimir AstapkovichMulher segurando um smartphone (imagem referencial)
Líder no ranking de phishing, Brasil tem de ampliar educação digital, diz especialista - Sputnik Brasil, 1920, 05.03.2021
Mulher segurando um smartphone (imagem referencial)
"Infelizmente, a única defesa contra o phishing é ficar atento e não cair nos golpes. Não existe nenhuma ferramenta automática que impeça você de voluntariamente enviar um número que você recebeu por SMS. Os antivírus podem limpar outros tipos de ataque", aponta Schara.

O engenheiro acredita que uma boa forma de coibir esse tipo de ataque, além da educação digital, seja ampliar a pena para os criminosos, mas não vê nenhuma "fórmula mágica" para resolver o problema.

"A Internet não é um local tranquilo onde você encontra divertimento e informação, é um local que pode ser hostil e tem pessoas que podem estar fingindo que são outras pessoas", ressalta o professor.
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