Nesta terça-feira (2), o Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (CONDEMAT), que reúne 12 prefeituras da Grande São Paulo, assinou carta de intenção para adquirir 300 mil doses da vacina russa contra a COVID-19, Sputnik V.
Com a medida, os prefeitos do consórcio têm a intenção de "comprar a vacina, para que a gente possa ter acesso e vacinar os grupos prioritários", disse o presidente do CONDEMAT e prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi, à Sputnik Brasil.
Os prefeitos indicam que, se nem a União nem o estado de São Paulo adquirirem o imunizante, os municípios realizarão a compra.
"A gente não quer ficar 'refém' de uma única vacina, porque achamos que uma maior oferta melhora o preço", disse Ashiuchi. "E o mais importante é preservar a vida e vacinar o pessoal."
Quando autorizado pela Anvisa, o imunizante russo será produzido pela farmacêutica União Química em Brasília e Guarulhos, município que integra o consórcio.

"Isso faz a diferença na logística", acredita Ashiuchi. "Outra variável importante [..] é o valor da vacina. A princípio, estamos falando de cerca de 10 dólares [R$ 54]. Como a dose é dupla, seriam 20 dólares [R$ 108], um preço hoje acessível às prefeituras."
IFA produzido no Brasil
O presidente do consórcio aponta que "o ponto mais importante da Sputnik V em relação às outras vacinas, fora a eficácia [...], é o IFA".
O IFA é o ingrediente farmacêutico ativo necessário para produzir a vacina. As vacinas contra a COVID-19 aprovadas no Brasil hoje precisam de insumo importado para serem produzidas.

Em janeiro, a Fiocruz, que assim como o Instituto Butantan depende de IFA importado, anunciou atraso na entrega de vacinas por falta de insumo.
No caso da Sputnik V, o laboratório nacional União Química selou acordo de transferência de tecnologia com a Rússia, o que permite que o IFA seja produzido em sua unidade em Brasília.
"Com essa transferência de tecnologia, vai ser o primeiro IFA feito em território nacional", disse Ashiuchi.
"Então você tem o IFA sendo feito aqui, uma eficiência [da vacina] boa – ótima, nesse caso – e a disponibilidade de logística, não só para a nossa região, mas para o Estado e para o país", acredita o presidente do consórcio.
300 mil doses
De acordo com Ashiuchi, o consórcio tem a intenção de adquirir em conjunto 300 mil doses da vacina russa.
"A intenção é comprar em consórcio para brigar por um preço melhor", explicou Ashiuchi. "O nosso consórcio é um dos únicos do país que é executivo, e não só consultivo. A diferença é que a gente pode fazer compra."
Com população total de cerca de três milhões de habitantes, o consócio usaria as doses para vacinar grupos prioritários ainda não cobertos pela campanha nacional.
"Com as 300 mil doses da Sputnik V, fora a melhor idade, fora o pessoal com comorbidades, a gente quer vacinar professores e funcionários das escolas, policiais [...] e assistentes sociais que têm contato direto com moradores de rua", disse o prefeito de Suzano.
"Estamos agora na iminência do [início do] ano letivo", lembrou Ashiuchi. "Temos que buscar o máximo de ajuda [...] para começarmos a vacinar pelo menos os professores e funcionários das escolas."

Segundo ele, o "governo federal monopolizou toda a compra das vacinas".
A distribuição da Sputnik V poderá ser feita pelo Ministério da Saúde "sem problemas", "até porque é uma produção que pode chegar até 10 milhões de doses mensais".
"Mas a gente espera que o governo federal compre [a vacina], se ele não comprar [...] a gente compra imediatamente", alertou o presidente do consórcio.
Autorização da Anvisa
Nesta quinta-feira (4), o Senado Federal aprovou uma Medida Provisória que deve acelerar a aprovação de vacinas contra a COVID-19 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com o texto da MP, a Anvisa terá cinco dias para avaliar o uso emergencial de imunizantes aprovados nos EUA, União Europeia, Japão, China, Reino Unido, Canadá, Coreia do Sul, Rússia ou Argentina.

O prefeito aponta que, segundo números do Ministério da Saúde, o atual ritmo da vacinação no Brasil precisa ser acelerado.
"Se a gente continuar nessa toada, vamos conseguir vacinar [...] pelo menos 70% a 80% da população brasileira [...] só em outubro ou novembro deste ano. Então demora muito. Imagina como fica a questão das aulas?", questionou Ashiuchi.
Para ele, "independentemente de política, de partido político, acho que é uma questão humanitária, uma questão mundial, todo mundo se envolver, cada país dá a mão para o outro".
"Essa questão histórica, se teve briga, política global envolvida, acho que tem que ser superada", disse o prefeito. "Eu e os outros prefeitos aqui do consórcio somos adeptos da ideia de que não importa qual vacina seja."

Segundo ele, a aprovação dos imunizantes "traz esperança e a volta da economia".
"É mais do que uma vacina, é um sossego, um abraço que você vai poder dar nos seus pais", concluiu Ashiuchi.
Nesta quinta-feira (4), o número de pessoas vacinadas no país atingiu a marca de três milhões. No mesmo dia, o Brasil confirmou mais 1.291 mortes e 57.848 casos de COVID-19, totalizando 228.883 óbitos e 9.397.769 de diagnósticos da doença.
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