Nesta terça-feira (12), o Instituto Butantan, que desenvolve a vacina contra a COVID-19 CoronaVac, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, anunciou a eficácia global do imunizante.
O índice de 50,38% se refere à capacidade da vacina de proteger em todos os casos: leves, moderados ou graves.
O virologista Eduardo Flores, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), disse que a CoronaVac "não é a vacina ideal, mas é um bom início" para a imunização no Brasil.
"Precisamos de outras vacinas, mas para esse primeiro momento certamente vai ajudar a controlar a pandemia", afirmou.
O índice mínimo de eficácia recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e também pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é de 50%.
Ao fazer o anúncio em coletiva de imprensa, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, pediu para que a Anvisa aprove o uso emergencial da vacina.Nesta quarta-feira (13), o governador de São Paulo, João Doria, disse esperar que a agência aprove o uso emergencial da CoronaVac por uma questão humanitária.
Eduardo Flores explicou que a CoronaVac pode reduzir o número de hospitalizações.
"Mesmo que não tivermos um percentual muito grande de pessoas vacinadas, vai reduzir bastante as internações, os casos de doença graves, e consequentemente vai reduzir muito a mortalidade. É a [vacina] que temos para o momento, não é a vacina ideal, mas é uma vacina boa, não tenha dúvida", declarou.
Segundo o presidente, qualquer vacina que "passar pela Anvisa" (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) será utilizada para imunizar a população brasileira https://t.co/uUEJPOZ4xH
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) January 13, 2021
A Anvisa marcou para domingo (17) uma reunião dos diretores da agência para decidir sobre a autorização de uso emergencial de vacinas contra a COVID-19.
Atualmente, a agência analisa os pedidos feitos pelo Butantan para a CoronaVac e outro feito pela Fiocruz para a vacina feita pela farmacêutica AstraZeneca e Universidade de Oxford.
'Governo de São Paulo errou ao divulgar dados da CoronaVac parcialmente'
A divulgação dos dados de eficácia da CoronaVac pelo governo de São Paulo foi adiada e alterada diversas vezes. Inicialmente, o governo estadual afirmou que divulgaria a eficácia de estudo preliminar da CoronaVac em 15 de dezembro, quando pediria o registro emergencial à Anvisa. Depois, mudou os planos e anunciou que solicitaria o registro definitivo da vacina e que a eficácia seria anunciada em 23 de dezembro.
A gestão de João Doria mudou outra vez os planos e decidiu pedir o registro emergencial sem apresentar os dados da eficácia do imunizante.

No dia 7 de janeiro, o governo de São Paulo afirmou que a Coronavac teve eficácia de 78% para a prevenção de casos leves de COVID-19 e de 100% para casos graves no estudo.
Após críticas sobre a falta de explicação do governo sobre como chegou aos números, o Butantan convocou a imprensa nesta terça-feira (12) para disponibilizar os dados completos e a eficácia global.
Para Eduardo Flores, a estratégia do governo de João Doria na divulgação dos dados foi equivocada.
"Deveriam ter sido divulgados todos os dados, como foi ontem, e não aos poucos. Isso gerou uma certa expectativa infundada, porque aqueles dados iniciais indicavam 78% de eficácia e esses finais indicam 50,38%. Faltou transparência, faltou 'timing' e faltou uma estratégia de divulgar os dados de uma vez", afirmou.
Eficácia menor não 'mina' expansão da CoronaVac no Brasil
A divulgação da eficácia global de 50,38% não deve ser impeditivo para se atrase a vacinação da população com o imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan, de acordo com o virologista.
"É a [vacina] que nós temos no momento e nós temos que começar a vacinar com ela. Não sabemos se teremos outra tão logo, ela é uma boa vacina, ela vai nos socorrer neste momento, mas certamente temos que começar a vacinar com ela", declarou Flores.
Segundo o especialista, o que pode ocorrer é que os brasileiros tenham que tomar uma outra vacina mesmo já tendo se vacinado com a CoronaVac e que a eficácia global não deve atrapalhar a expansão da vacina.
"Em um segundo momento, daqui a uns dois, três meses quando tivermos uma melhor vacina a gente complementa a vacinação. Eu acho que não vai minar a expansão, acho que se nós tivéssemos hoje 50 milhões de doses da Coronavac iríamos usá-las", completou.
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