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É negro o homem que fez acusações racistas à prefeita eleita de Bauru no estado de São Paulo

© Folhapress / Alice VergueiroMarcha das Mulheres Negras em São Paulo contra a discriminação e a desigualdade (arquivo)
Marcha das Mulheres Negras em São Paulo contra a discriminação e a desigualdade (arquivo) - Sputnik Brasil
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Em depoimento à polícia, ele justificou as postagens dizendo que o objetivo era que outras pessoas publicassem comentários similares. E negou que a tenha ameaçado de morte.

É negro o autor das ofensas racistas contra a prefeita eleita de Bauru, Suéllen Rosim (partido Patriota). Segundo a Polícia Civil, ele tem 37 anos, foi interrogado nesta quinta-feira (3), mas liberado por falta de fundamentação para uma eventual prisão. Seu nome não foi revelado, informou o jornal Folha de São Paulo.

Ele disse no interrogatório, segundo o delegado Eduardo Herrera, que o objetivo era fazer com que as pessoas de um grupo de uma rede social publicassem comentários similares para mostrar que elas são racistas.

O acusado usou um perfil falso para escrever em uma rede social logo após a vitória de Suéllen no segundo turno no último domingo (29). Segundo ele, a cidade "não merecia ter essa prefeita de cor com cara de favelada comandando a nossa cidade". E que "a senzala estará no poder nos próximos quatro anos".

​Primeira mulher eleita em Bauru, negra, frequentadora da igreja evangélica neopentecostal Mipe (Ministério Produtores de Esperança) e conservadora, Suéllen tem 32 anos e é alvo de ataques desde antes da eleição.

No sábado (28), recebeu via mensagem de celular comentários racistas. Já no domingo (29), quando foi eleita, a mensagem foi publicada em outra rede.

No dia seguinte, ela recebeu email com mais frases racistas e uma ameaça de morte.

"Eu juro, mas eu juro que vou comprar uma pistola nove milímetros no Morro do Engenho, aqui no Rio de Janeiro, e uma passagem só de ida para Bauru e vou te matar. Eu já tenho todos os seus dados e vou aparecer aí na sua casa", dizia um trecho do texto.

No mesmo dia, Suéllen viu uma nova manifestação racista que dizia que "países governados por negros são mais miseráveis".

O autor da postagem racista negou ter elo com a ameaça de morte recebida pela prefeita.

"A identificação do autor, para nós, é importante, é a espinha dorsal de tudo. A partir dele houve outras ações, os chamados efeitos colaterais. Acreditamos que, se não tivesse existido essa mensagem, outras depois não apareceriam", disse o delegado.

Herrera disse ainda que não se pode ligar o autor da mensagem ofensiva à ameaça de morte.

"Acreditamos que não seja ele", informou.

Suéllen comentou o episódio. Disse que a identificação dos autores e a responsabilização pelo crime deve ocorrer, não importa o prazo.

"A mensagem é pesada, é uma tentativa de desestruturar mesmo, mas não vão conseguir. O tempo não importa, o que importa é identificar o autor, até para que isso não aconteça com outras pessoas", falou a prefeita eleita.

Suéllen ganhou a eleição com 89.725 votos, 55,98% dos votos válidos contra 44,02% do adversário no segundo turno, o médico e ex-vereador Raul Gonçalves Paula (DEM).

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