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Setor têxtil do Brasil está preparado se houver 2ª onda da COVID-19, mas alerta para auxílio

© Folhapress / Marília Camelo/FolhapressOperária da indústria têxtil em uma fábrica especializada em fios e malhas para modas íntima, praia e fitness, em Fortaleza, no Ceará
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Indústria conseguiu minimizar graves perdas no primeiro semestre e vai fechar 2020 com retomada mais forte do que a prevista. Ainda assim, ela lembra da importância de reformas na economia.

Um dos setores mais afetados pela COVID-19 acredita que está preparado para uma possível segunda onda da pandemia, mas que é fundamental ser realista para a sequência que as perdas representam para o país. A opinião é de Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção, a Abit, em entrevista para a Sputnik Brasil.

Para quem chegou, no pior momento da crise, a ter queda de cerca de 90% na produção e a demitir 80 mil pessoas, o pensamento de Pimentel é de confiança na própria indústria, mas sem perder de vista a importância de ações paralelas.

"Tivemos uma interrupção, uma semiparalisação por uns 100 dias, mas a recuperação gradual começou a partir de junho com as medidas de flexibilização do governo e acredito que vamos chegar ao fim do ano com retomada mais forte do que a prevista e com um Natal parecido com o do ano passado", informou Pimentel.

O governo já avisou que, em caso de segunda onda, haverá continuação do auxílio emergencial, mas menor do que em 2020. O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu que ele será por volta de metade dos 8% do Produto Interno Bruto (PIB) gastos este ano. E só com o auxílio foram R$ 321,8 bilhões.

O empresário reforça que o auxílio emergencial foi fator fundamental da melhora no quadro porque os recursos, majoritariamente, se voltaram para o consumo. Ainda assim, o tamanho do baque provocado pela COVID-19 é ilustrado com números.

"Vamos fechar o ano com uma perda, no geral, de 15% a 20% na produção, o que significa de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões a menos em função daquele período. Em termos de cortes de postos de trabalho, nos meses entre abril e junho tivemos baixa de 80 mil empregos, mas começamos a recontratar já em julho. No acumulado de 12 meses, houve perda de 40 mil a 50 mil postos de trabalho", contou.

O empresário comentou que em uma visão mais "dramática", cerca de 10% do parque industrial têxtil brasileiro foi fechado, especialmente de unidades de pequeno porte. O resultado, neste caso, não tem números exatos porque parte das empresas trabalhou com flexibilização das jornadas de trabalho e com redução de salários.

A crise, mais amena agora do que no início do segundo trimestre, projeta temas para 2021. Pimentel entende que um reagravamento no quadro da pandemia envolve questões não só emergenciais, mas também reformas estruturais da economia brasileira.

"Como nós vamos nos posicionar à luz do fim do auxílio emergencial? E precisamos ter em mente também pendências como o orçamento para o ano que vem e avanços das reformas tributária e administrativa rumo à estruturação do país, sem falar da questão fiscal, da manutenção do teto e, claro, do suporte aos menos favorecidos", comentou.

No atual quadro econômico e político, de inflação em alta e desemprego recorde, e sem estas circunstâncias apresentadas por Pimentel acima, ainda assim ele tem uma visão positiva sobre a reação a uma possível segunda onda.

"Já temos um caminho das pedras, então ela [segunda onda] não será uma novidade. Convivemos com isso. O Brasil aprendeu com a primeira onda e se aproveita deste conhecimento. Ainda assim, caso ela venha, o governo terá que estender as medidas para suporte às empresas, ao emprego e sem esquecer o auxílio emergencial. Algo que será muito importante para uma estabilidade é entender que a globalização vai continuar, mas que precisa trazer mais inserção social e melhora no nível de renda", contou.

E em seu próprio setor, Pimentel é otimista. Mas também esperançoso.

"Sim, estamos preparados, já sobrevivemos à primeira onda, mas a sequência de perdas enfraquece o sistema produtivo, o aparelho de geração de empregos e oxalá não tenhamos aqui algo forte como na Europa", concluiu.
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