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Pesquisa mostra que caminho de negros com ensino superior ao trabalho qualificado está mais difícil

© REUTERS / RACHEL WISNIEWSKIFuncionária do sindicato da indústria distribui panfletos
Funcionária do sindicato da indústria distribui panfletos - Sputnik Brasil
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Quase 38% dos homens e 33% das mulheres trabalham em empregos que requerem menos do que seus conhecimentos e taxa aumentou em cinco anos.

Nos primeiros trimestres dos últimos cinco anos, a parcela que mais cresceu no mercado de trabalho no Brasil foi a dos chamados negros sobre-educados, ou seja, aqueles que têm ensino superior, mas que trabalham em cargos de nível médio ou fundamental. Essa é a principal conclusão da pesquisa feita pela consultoria IDados, informou o site G1.

Segundo o estudo, 37,9% dos homens negros e 33,2% das mulheres negras com ensino superior ocupam postos de trabalho que exigem  menos do que seus conhecimentos. Pelo levantamento, em 2015 essa relação era mais baixa: 33,6% e 27,3% respectivamente.

A mudança também foi observada entre trabalhadores brancos, mas em menor grau. Entre os homens, subiu de 27,2% para 29,6%. E entre as mulheres, variação de 24,9% para 27,8%.

"A discriminação é, sem dúvida, um dos motivos do aumento de sobre-educados entre os negros. Há inúmeras evidências de que existe discriminação na hora da contratação quando o funcionário é negro", disse a pesquisadora do IDados e responsável pelo estudo, Ana Tereza Pires.

A política de cotas nas universidades foi outro fator para explicar o aumento de negros sobre-educados. A ação foi bem sucedida no aumento de diplomados, mas eles entraram no grupo que sofreu com a crise economia e o mercado não teve como absorver estes novos profissionais.

De 2011 a 2015, a quantidade de negros empregados com ensino superior cresceu de 1,7 milhão para 2,7 milhões, enquanto a de negras com diploma aumentou de 2,5 milhões para 4 milhões. Mas isso não basta, disse a pesquisadora.

"A própria competitividade do mercado de trabalho também pode fazer com que um diploma não seja suficiente. Às vezes, a facilidade que é dada para o homem branco, por exemplo, de estudar numa escola particular, fazer cursos de inglês e ter outros treinamentos pode se tornar um fator extra que acaba pesando na hora de o empregador tomar a decisão", comentou Ana Tereza.

De acordo com mapeamento do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), a participação de negros em setores que exigem especialização e qualificação mais alta é minoritária. No setor bancário, apenas 23,1% dos empregados são negros. Nas empresas aéreas, a taxa sobe para 29,7% e, no setor de óleo e gás, atinge 34,6%. Mas, em compensação, quando não há essa exigência, a presença negra é majoritária: 64,1% no telemarketing, 55,4% na limpeza urbana e 52,9% em segurança.

"Não existe uma regra dentro da instituição que diga ‘não, não vamos contratar negros para a coordenação, não vamos colocar negros nos lugares de altos salários’. Existe uma informalidade que vai tirando alguns grupos de determinadas posições", concluiu o sociólogo e diretor do CEERT, Mario Rogério.

Nos últimos meses, algumas empresas abriram vagas para processos seletivos envolvendo negros: Ambev, Magalu, Bayer, Proctor & Gamble, Vivo e Diageo.

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