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Preocupação do Reino Unido com desmatamento no Brasil é ambiental e econômica, alega especialista

© REUTERS / Rickey RogersFloresta amazônica pega fogo na cidade de Açailândia, no Maranhão.
Floresta amazônica pega fogo na cidade de Açailândia, no Maranhão. - Sputnik Brasil
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O governo do Reino Unido quer ver um plano concreto, de longo prazo, com detalhamento dos atores envolvidos, para conter o desmatamento ilegal da Amazônia.

A declaração foi dada por Liz Davidson, encarregada de Negócios do Reino Unido no Brasil, em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Para Alexandre Uehara, professor de Relações Internacionais da USP (Universidade de São Paulo), a demanda do Reino Unido é fruto de uma preocupação ambiental, mas no fundo também possui um pragmatismo político e econômico.

"Mesmo com o Brexit, existe uma preocupação do governo britânico em manter essa imagem de um governo preocupado com essas questões para que as empresas britânicas não sejam afetadas", disse à Sputnik Brasil.

Uehara explicou que empresas britânicas que possuem negócios com companhias brasileiras envolvidas em desmatamento podem ser punidas.

"Se nós tivermos empresas britânicas que se relacionam com o Brasil e que sejam eventualmente identificadas como empresas não preocupadas com a preservação ambiental elas podem sofrer boicotes por consumidores britânicos e de outros países", alertou.

Desse modo, para o especialista, essa preocupação com o meio ambiente é fruto de pressões que o Reino Unido sofre dentro da União Europeia, mesmo após ter saído do bloco.

"Essa preocupação não é aleatória, ela é fruto de uma consciência da população britânica em relação a essa preocupação ambiental e também tem um lado pragmático", resumiu.

O governo brasileiro começa nesta quarta-feira (4) uma sequência de voos sobre a floresta amazônica com embaixadores de vários países.

Os sobrevoos, liderados pelo vice-presidente da República e presidente do Conselho Nacional da Amazônia, Hamilton Mourão, terão a presença de chefes de missões diplomáticas de diversos países, entre eles autoridades do Reino Unido.

Liz Davidson, uma das convidadas, agradeceu a iniciativa, mas lamentou que a viagem não inclua visitas às áreas atingidas pelo desmatamento.

​Alexandre Uehara afirma que a cadeia produtiva britânica pode sofrer impactos econômicos por indiretamente usar produtos brasileiros, como soja e carne, como matéria-prima para a fabricação dessas mercadorias.

"O Reino Unido importa alguns produtos brasileiros que podem fazer parte da cadeia produtiva. Se essas mercadorias forem identificadas como resultantes de um desmatamento ilegal, isso pode fazer com esses produtos britânicos sejam contestados, boicotados, gerando um grande prejuízo para a economia britânica", alegou.

'Preservar o meio ambiente é garantir a soberania'

No entanto, apesar de dizer que a preocupação do Reino Unido possui um viés pragmático, Alexandre Uehara alega que o Brasil precisa dar mais atenção ao desmatamento e a devastação ambiental.

"Creio que o maior risco do Brasil é deixar de dar atenção a preocupação internacional às questões ambientais. O mundo está preocupado com essas questões em razão do que vem acontecendo de mudanças climáticas, eventos catastróficos e isso faz com que a ideia de preservação ambiental seja algo bastante presente", afirmou.

Para ele, preservar o meio ambiente é garantir a soberania do Brasil.

"Preservar os nossos recursos é a garantia de que o país permaneça em condições de se manter independente e soberano", completou.

Segundo dados do Deter, programa do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento na Amazônia em outubro bateu recorde e apresentou um crescimento de 37% em relação a outubro de 2019.

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